Desde o início da semana, a empresária Juliana Riboldi conviveu com um vizinho bastante inusitado: um urubu. A ave apareceu na área comum do prédio onde mora, no bairro Vila Izabel, em Curitiba. Ela procurou uma forma de retirá-la de lá, mas o problema é que nenhum dos órgãos responsáveis pela remoção de animais silvestres de áreas urbanas atendeu ao pedido e ela teve até mesmo que lidar com o deboche de alguns oficiais sobre a situação.
A dificuldade em encontrar um destino para o urubu fez com que ela se apegasse ao animal. Em pouco tempo, se acostumou com as rotinas do curioso vizinho e chegou até mesmo a dar um nome para ele — Beto. “Outros urubus já tinham sobrevoado por aqui antes, mas sumiram. Daí o Beto apareceu e ficou”, conta Juliana. “Logo reparei que ele não se mexia muito, parecendo estar machucado”.
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Conversando com amigos veterinários, a empresária descobriu que Beto não apenas estava realmente ferido como também era um filhote recém-saído da plumagem. Apesar disso, lidou bem com a presença humana. “Ele sempre ficou bem quieto, quase imóvel. Só reage quando se sente acuado”, afirma.
O problema é que, embora amistoso, o urubu é um animal silvestre e o convívio com humanos não é recomendado. Além disso, a sua presença no condomínio começou a atrair outros da espécie, o que começou a preocupar os moradores da região.
Mas nenhum órgão público prontificou em retirar o Beto de lá. Tão logo ele apareceu e deu sinais de que não iria embora, Juliana ligou em busca de alguém que pudesse levar a ave até um local adequado. Procurou o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Ibama e Polícia Ambiental, mas ninguém foi fazer o resgate. “Ninguém deu a devida atenção ao caso. Disseram que não têm verba e nem pessoal para atender. Alguns fizeram troça e piadinhas infames”, conta.
“A situação me deixa indignada”, desabafa a empresária. “O que me revolta é que tanto eu como minhas empresas pagamos uma pequena fortuna em impostos para eles dizerem que não têm verba”.
Sem apoio dos órgãos, Juliana procurou amigos veterinários para buscar recomendações do que fazer. E depois de muito tentar, encontrou um grupo de voluntários que foram retirar Beto do condomínio. Apesar das boas intenções, porém, o animal assustado fugiu e ficou acuado em uma área de difícil acesso por algumas horas — e só saiu de lá quando outros urubus apareceram e o ajudaram a levantar voo.
Dificuldades de resgate
Depois do fechamento do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Tijucas do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba – em junho deste ano – o Paraná ficou sem um local para abrigar animais silvestres apreendidos. Com isso, espécies encontradas em situação de risco passaram a ser atendidas somente pelo IAP, que precisou se readequar para garantir o acolhimento, mas não realiza resgates de animais pela falta de equipes. A recomendação é ligar para o instituto e conversar com um especialista a respeito do que deve ser feito.
De acordo com o Batalhão de Polícia Ambiental da Polícia Militar do Paraná, a responsabilidade de captura de animais não é dos policiais, já que a sua função é combater crimes ambientais, como desmatamento e maus-tratos e tráfico de animais. Segundo o órgão, casos que não envolvam crimes devem ser atendidos pelo IAP.
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