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| Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo / Arquivo /

O período de temporada tem sido de dor de cabeça para quem vai para o Litoral do Paraná e precisa usar o telefone celular e a internet em períodos de grande concentração de veranistas. Com os 1,5 milhão de pessoas que foram para as praias do Paraná para a virada do ano, os serviços de telecomunicações tiveram sérios problemas, deixando as pessoas muitas vezes sem possibilidade de comunicação e irritando veranistas e moradores. Com a perspectiva de que número semelhante de pessoas vão ao Litoral para o carnaval, que começa no dia 10 de fevereiro, as dificuldades enfrentadas na virada do ano devem se repetir.

Desde o início dos feriados do fim de 2017, a qualidade do serviço caiu significativamente, conforme atesta o atendente de hotel Adriano Holodivski. Morador de Matinhos e funcionário de uma hospedaria às margens da PR-412, Holodivski afirma que tanto a rede do hotel, que fica mais afastado do centro da cidade, como a de seu telefone celular funcionavam normalmente até dias antes do Natal.

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Quando começou a temporada e o volume de gente foi aumentando no Litoral, o serviço de internet começou a ficar instável, até chegar como está hoje. “Tem horas que a internet funciona, tem horas que não funciona, mas o principal é que você não consegue ficar conectado por muito tempo que parece que o sinal vai piorando até cair”, disse.

Com a distância do local onde trabalha até o centro da cidade, de cerca de dois quilômetros, o atendente fica praticamente o dia todo sem conexão. Para ele, a limitação no sinal é problemática, pois além de atrapalhar sua comunicação pessoal, mexe também com o humor dos hóspedes. “Sempre vêm gente perguntar se temos wi-fi, e se é normal o sinal de internet não funcionar. Só quem deve gostar disso é o patrão, porque aqui ninguém fica pendurado no Whatsapp”, brincou.

O problema não é exclusividade de uma localidade ou de uma operadora. Ana Levek, que é cliente de uma empresa diferente de Holodivski, conta que tem visto seus dois filhos nervosos em casa, em Pontal do Paraná. Assíduos dos games online e das redes sociais, os irmãos têm convivido com as tentativas frustradas de conexão, e já chegaram a pedir para a mãe abortar as férias no Litoral. “Eles estavam dizendo que não aguentam mais ficar sem poder falar com os amigos, sem poder jogar. Chegaram a pedir para voltar para Curitiba”, falou, em referência aos filhos de dez anos e 12 anos.

Ana afirma que tem procurado oferecer alternativas de diversão às crianças durante o período, mas o tempo nublado não tem ajudado a dona de casa. “Já é complicado fazer eles sairem do celular e do videogame. Com o tempo fechado, chovendo, eles não vão para a rua. O que resta é o baralho e alguns jogos porque até o videogame hoje precisa de internet”. Ela conta que comprou dois jogos de tabuleiro para entreter as crianças, e a tática está funcionando. “Eles gostaram bastante de um deles, e tem jogado bastante. Espero que não enjoem”.

Para o técnico de informática Adelcio Gushikawa a internet não tem feito tanta falta. Como trabalha com programação de redes e normalmente precisa estar sempre à disposição da empresa, Gushikawa revela que a falta de sinal é até um alívio para suas férias, já que assim fica mais difícil encontrá-lo.

A falta de sinal, porém, preocupa porque parte de sua família ficou em Curitiba, e a comunicação entre os familiares tem sido complicada. “Sempre que tento falar com minha esposa o telefone picota, você não entende nada. Mandar mensagem? Demora meia hora para chegar. Está muito complicado, mas era esperado, pelo número de pessoas é claro que iria sobrecarregar”. O técnico é cliente de uma terceira operadora.

Nem mesmo os clientes de internet fixa, como o lojista Gilmar Ferreira, de Guaratuba, ficaram livres dos problemas. Cliente de outra empresa de telefonia que atende o litoral, o empresário afirma que tem tido muitos problemas com os consumidores, já que o sistema que emite a nota fiscal usa a internet, e muitas vezes ele acaba não conseguindo fazer o documento no ato da compra. “Já ouvi muita reclamação, as vezes o cliente acha que você não quer dar a nota para ele, e fica bravo até. Mas sem internet, não tem o que fazer. Tem que pegar os dados, o e-mail, e enviar quando você consegue conectar”.

O problema com a rede fez Ferreira mudar a rotina de sua empresa. Ele conta que tira um funcionário do atendimento do balcão só para cuidar da emissão das notas, porque o trabalho acumula. “Tem que ficar de olho na internet e, quando vem a conexão, começar o trabalho. Chega horas que tem 30 notas para tirar de uma vez só”, sentenciou.

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O que dizem as empresas

São quatro empresas que prestam o serviço de telefonia celular e de internet no litoral do Paraná. Claro, Oi, Tim e Vivo. E a voz das empresas é unânime: o número de pessoas faz com que o volume de tráfego de dados e voz cresça exponencialmente, o que acaba prejudicando o serviço.

Segundo a Claro, a rede está funcionando normalmente na faixa litorânea paranaense, mas a transferência de voz e dados aumentou cerca de cinco vezes em relação aos demais períodos do ano. Ainda assim, a empresa destaca que investiu em novos equipamentos antes da temporada para que seus clientes não enfrentassem problemas, e que sua rede cumpre com as especificações da Anatel, a agência reguladora do setor.

De acordo com a Oi, a empresa não tem registro de ‘eventos’ que caracterizem um problema massivo na rede de telecomunicações. A operadora afirma que está priorizando a modernização da infraestrutura e a expansão da rede, além de realizar ações preventivas com aumento de produtividade para oferecer uma melhor experiência aos clientes A Oi atribui eventuais problemas à época do ano, em que as pessoas costumam usar mais os serviços de internet móvel.

A Tim argumenta que durante os feriados do final do ano sua rede permaneceu em pleno funcionamento, mas que o excesso de pessoas conectadas acabou dificultando a operação, principalmente nos horários de pico. De acordo com a empresa, ainda em janeiro serão instaladas quatro novas antenas em Caiobá e Matinhos, em áreas de maior concentração de usuários, o que deve melhorar o serviço. Além disso, a construção de uma rota de fibra ótica está prevista para 2018, o que vai ajudar na transmissão de dados entre o Litoral e Curitiba.

Segundo a Vivo, a empresa investe constantemente na melhoria e ampliação de sua rede, sendo que no último ano foram feitas ao menos 19 obras na rede no litoral paranaense, já considerando a demanda de aumento de tráfego de dados durante a temporada de verão.

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