Um “combo” de problemas causa diversos acidentes e revolta quem passa diariamente pelo cruzamento entre a Rua Orlando Padilha dos Santos e a Avenida República Argentina, no bairro Portão, em Curitiba. No local, é possível encontrar vários postes em local irregular, uma faixa de pedestres gigantesca que coloca pedestres em perigo por não conseguirem enxergar o semáforo, e ainda uma guia de acesso para cadeirantes utilizada irregularmente por alguns veículos como retorno. Todos essas questões se encontram perto de dois shoppings, ou seja, uma área com grande circulação de pessoas.
Segundo moradores, os problemas são resultado de obras da prefeitura de Curitiba, que modificaram as passagens de pedestres no local em meados de 2012, mas até hoje não fizeram as realocações necessárias para acompanhar as mudanças. No caso dos postes – localizados a menos de 15 cm do asfalto –, os acidentes têm se tornado frequentes. Um deles foi registrado na última sexta-feira (4), quando um caminhão derrubou a estrutura, causando congestionamento intenso e prejudicando o fornecimento de energia elétrica na região.
O vendedor ambulante Thiago Neves, que trabalha no local há nove anos, conhece todos os capítulos dessa novela. De acordo com ele, grades de proteção foram implantadas na calçada, mas todos os postes permaneceram fora delas – infringindo a exigência mínima de um metro de distância entre os equipamentos e o meio-fio. “Eles estão praticamente na rua. Por isso, toda semana vemos caminhões e carros batendo ali, tanto que os postes estão cheios de marcas”, afirmou.
Além de ser alvo de retrovisores, as estruturas em local inadequado colocam em risco a segurança dos pedestres. “As pessoas ficam do lado deles antes de atravessar a rua, achando que estão protegidas. Só que um veículo pode acabar atingindo o poste e a pessoa”, alertou.
O equipamento atingido na manhã de sexta-feira foi trocado pela Copel em uma ação de urgência e instalado em local adequado, mas os outros três postes na continuação da rua permanecem sem data para realocação. De acordo com a companhia, as mudanças devem ser solicitadas pela prefeitura e ainda não há nenhum pedido para deslocamento de estruturas na região.
Quando esse projeto for requisitado, poderá ser executado pela Copel ou por outra empreiteira no prazo de até 180 dias. Em nota, a prefeitura afirmou que uma equipe da Secretaria de Trânsito (Setran) realizará vistoria no local a fim de verificar a situação. A data dessa vistoria não foi informada.
Faixa que não dá para atravessar
Enquanto se acostuma com acidentes devido à posição inadequada dos postes, a população também assiste aos atropelamentos na faixa de pedestres da Rua Orlando Padilha dos Santos - esquina com a Avenida República Argentina. De acordo com os usuários, quase 10 metros separam os veículos do semáforo porque a faixa gigantesca possui apenas um sinaleiro.
Com isso, muitos carros que tentam passar no sinal amarelo não conseguem finalizar a travessia e ficam parados na faixa. “Eles tentam evitar multas voltando de ré em cima das pessoas que estão atravessando”, lamenta a vendedora autônoma Danielli Aparecida de Souza Estefani, de 21 anos.
Em julho, a jovem quase foi atropelada por um desses condutores e afirma que a situação é frequente. “Eu esperei o sinal verde e atravessei, mas um carro veio na minha direção e quase me bateu. Quando o motorista percebeu que não ia conseguir passar, ele ainda deu a ré, mesmo com várias pessoas atrás do veículo”, contou.
Segundo a prefeitura, a obra de realocação do semáforo já deveria ter sido realizada pelo Shopping Total como medida mitigadora - com objetivo de minimizar impactos ambientais negativos. Procurada, a assessoria do shopping informou que a gestão atual do estabelecimento comercial assumiu em fevereiro deste ano e ainda não teve conhecimento a respeito do fato.
No entanto, para evitar novos acidentes, a prefeitura adianta que realizará a mudança de local dos sinaleiros para pedestres. “Se isto não for suficiente, serão colocados mais semáforos para eles”, afirmou, em nota.
Retorno proibido
Os pedestres também reclamam do perigo gerado pelos motoristas que usam irregularmente a guia de acesso para cadeirantes, uma abertura na calçada entre as ruas Orlando Padilha e a Itatiaia, como retorno.
“O retorno que existia para dobrar na Rua Itatiaia foi tirado na época das obras e agora os motoristas usam a guia dos cadeirantes como retorno. Isso é proibido e ainda coloca em risco quem passa a pé por ali”, explica o empresário Paulo de Oliveira, 37.
Neves sabe bem disso, pois já foi atropelado no local. “Estava chovendo e eu fui atravessar, quando um carro decidiu retornar por ali e bateu em mim”. O jovem sofreu ferimentos na cabeça, quebrou o braço e ficou três dias internado no Hospital do Trabalhador. “Não tem nenhuma placa. Algo precisa ser feito para evitar mais vítimas”.
Segundo a Secretaria de Trânsito, a conversão no local é proibida e a pasta promete aumentar a fiscalização para evitar que veículos utilizem a guia para essa finalidade. Além disso, uma vistoria será realizada nos próximos para confirmar a necessidade de mais sinalização.