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Barreira para tentar conter  água em comércio da Rua Almirante Gonçalves: há quase 20 anos endereço sofre com enchentes. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Barreira para tentar conter água em comércio da Rua Almirante Gonçalves: há quase 20 anos endereço sofre com enchentes.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Cada chuva que cai é motivo de muita preocupação na Rua Almirante Gonçalves, no bairro Rebouças. Desde o fim da década de 90, o bairro , vizinho do Centro de Curitiba, sofre com enchentes , forçando moradores e comerciantes a instalar placas de ferro na frente dos imóveis - verdadeiras barricadas - para tentar conter a entrada da água. Na enchente do último sábado (3), que atingiu 1,5 mil pessoas na capital e região metropolitana, a água chegou a 1,5 m de altura e um carro e duas motos ficaram boiando na quadra entre as ruas Marechal Floriano Peixoto e a Desembargador Westphalen.

A professora Lilian Sourient, 58 anos, é uma das moradoras da Rua Almirante Gonçalves que sofre há anos com o problema de alagamento. Tanto que assim que ela escuta o barulho da chuva, já corre até a janela para ver se a água está subindo. “Se a água estiver chegando até um determinado ponto da rua, eu já sei que vai chegar na minha casa. Então, chamo a família e saímos bloquear nosso portão com a barra de ferro”, diz. A rotina de luta contra o volume de água é a mesma em qualquer horário. “Pode ser de madrugada. Temos que acordar para fazer isso e evitar que a água entre”, relata.

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Outro morador, Ricardo Granemann, 33 anos, também possui uma estrutura de ferro preparada para os dias de chuva. Proprietário de um estacionamento na rua, ele mandou fazer a placa com 15 milímetros de espessura, um 1,5 m de altura e quatro estacas de trilhos de trem para proteger o estabelecimento. “Sábado a água subiu cerca de um 1,20 m aqui na rua. Faltou pouco para ultrapassasse a altura da placa de ferro e começasse a entrar”, enfatiza Granemann.

Carro boiando na Rua Almirante Gonçalves no último sábado (3), quando a água chegou a 1,5 m de altura.Marcos Xavier Vicente/Gazeta do Povo

Edison Luiz Rocha, 46 anos, que trabalha e estava no estacionamento, afirma que, além de fechar a barreira do portão para evitar a entrada de água, teve também de afastar a caçamba de lixo que, assim como o carro que entrou na rua, boiava na inundação. “Era tanta água que tinha um redemoinho em cima do bueiro. A água quase bateu no nosso portão e, logo depois, outra lixeira presa no concreto da calçada também se soltou”, recorda.

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Com a força da água, a placa de contenção em frente a um restaurante não foi suficiente e causou muito transtorno. “Entrou tanta água que todos os funcionários tiveram que chegar três horas mais cedo segunda-feira para limpar tudo”, conta o garçom Robledo Oliveira, 18 anos. O prejuízo do restaurante só não foi maior porque a gerência do restaurante já sabe que a qualquer chuva mais forte a rua alaga. “A sorte é que os produtos e panelas do restaurante estavam guardados no alto porque o local já tinha alagado outras vezes”, complementa.

Edson Rocha e Ricardo Granemann instalaram a grade de ferro com 15 milímetros de espessura para evitar prejuízos com a água de enchente. Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Problema antigo

De acordo com a dona de casa Eliane Maria do Rocio, 60 anos, que mora na rua há mais de 30 anos, essa já é a segunda enchente apenas nos três primeiros meses de 2018. Já o número total de alagamentos, enfatiza ela, é impossível citar, de tantas ocorrências. “Mas me lembro com clareza da primeira situação de desespero, em 1999, quando a força da água derrubou um muro em cima da minha casa. Ficou tudo destruído, inclusive os carros do meu marido e da minha irmã”, lamenta.

O industriário aposentado Johanes Tschöke, 66 anos, já perdeu cinco carros na Rua Almirante Gonçalves no período apenas dois anos: 2010 e 2011. “Isso foi quando eu e meus filhos ainda estacionávamos na rua, o que não fazemos mais para não ter prejuízo”, afirma. Segundo ele, a água sobe muito rápido e quase cobre os veículos, o que causa muita correria entre os motoristas para tirar os carros da rua a cada chuva. “Se entrar água no carro, acaba com motor, parte elétrica, estofamento, tudo”, explica. O carro que boiou no alagamento de sábado na região, por exemplo, deu perda total da seguradora.

O restaurante onde o garçom Robledo Oliveira trabalha já foi atingido pelas enchentes diversas vezes: alimentos são guardados no alto para evitar mais prejuízos.Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Diante da situação,Tschöke e vários vizinhos já procuraram a prefeitura de Curitiba, fizeram abaixo-assinados e registraram inúmeros pedidos pelo telefone 156 para corrigir o problema na região. “Acredito que as manilhas da rua são pequenas e precisam ser trocadas urgentemente. E, claro, o povo precisa parar de jogar lixo por aí, porque isso entope os bueiros”, cobra.

Estudos na região

A Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP) informa que tem conhecimento dos alagamentos constantes na Rua Almirante Gonçalves. Segundo a pasta, os imóveis da via foram construídos sobre o Rio Água Verde e a canalização inadequada pode ser a responsável pelo problema.

No entanto, a SMOP informa que isso só será confirmado após um estudo técnico que, promete a prefeitura será feito, deverá ser realizado este ano. Com o resultado do estudo, será possível buscar alternativas para a região para iniciar as obras de correção, quase 20 anos depois de constantes enchentes na rua.

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