Aplicações
Poupança deve seguir mais atraente que maioria dos fundos
Agência Estado
A queda da taxa básica de juros para 8% ao ano deve manter a poupança como uma aplicação mais atraente que a maioria dos fundos de renda fixa. Com a nova redução da Selic, a poupança passará a ter um rendimento de aproximadamente 5,6% ao ano, já incuída a TR até agora, estava em 6,17%. Dessa forma, uma aplicação de R$ 1 mil vai render R$ 56 ao ano, e não mais R$ 61,70.
Desde maio, quando a taxa básica de juros caiu para 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança mudou passou a ser de 70% da Selic. Dados do Banco Central mostram que, desde que os juros caíram para esse nível, os depósitos na caderneta renderam, em média, 0,4923% ao mês. Os depósitos mais antigos, anteriores à mudança das regras, rendiam cerca de 0,51% ao mês. Com a redução de ontem, a rentabilidade mensal da nova poupança deve cair para 0,4551%.
Sem IR e taxa
A poupança segue como boa opção porque não tem incidência de Imposto de Renda nem cobrança de taxas de administração. Segundo especialistas, a aplicação deve bater os fundos com taxa de administração superior a 1%. "A maior probabilidade é de que os fundos que cobrarem 1% ou mais de taxa de administração deverão empatar ou perder para a poupança", disse o matemático José Dutra Vieira Sobrinho.
Mais risco
A oitava queda seguida da taxa básica de juros indica que quem quiser ganhar dinheiro terá de estar disposto a correr mais risco. As possibilidades apontadas pelos especialistas são os investimentos em títulos do Tesouro e em fundos multimercados.
TR + 70% da Selic
Com a taxa básica de juros inferior a 8,5% ao ano, os depósitos feitos na caderneta de poupança a partir de 4 de maio serão remunerados pela Taxa Referencial (TR) acrescida de 70% da Selic. Neste caso, com a taxa a 8% ao ano, a remuneração da poupança será calculada pela TR acrescida de 5,6% ao ano, contra os 5,95% anteriores. Nada muda para depósitos feitos até 3 de maio de 2012, que continuam rendendo 6,17% ao ano mais a TR.
A economia fraca e a inflação menor levaram o Comitê de Política Monetária (Copom), em decisão unânime, a reduzir novamente o juro básico. No oitavo corte seguido, a Selic caiu 0,5 ponto porcentual, para 8% ao ano, novo mínimo histórico da principal referência dos empréstimos. Entre economistas, prevalece o consenso de que a taxa cairá mais uma vez em agosto. Há, porém, divergência sobre os passos seguintes. Para uma parcela ainda minoritária do mercado financeiro, as vendas fracas no varejo reforçam a aposta que o movimento pode continuar até outubro.
Com o corte anunciado ontem, a taxa Selic acumula queda de 4,5 pontos desde que o atual ciclo de redução teve início, em agosto de 2011. O efeito dessa estratégia, segundo o próprio BC, é percebido com um atraso de pelo menos seis meses na economia. Ou seja, o governo ainda espera o resultado de reduções anteriores, sem deixar de ampliar a munição para tentar acelerar a economia.
Por enquanto, a previsão dominante no mercado é de apenas mais um corte, na reunião do Copom do final de agosto, para 7,5% ao ano. As apostas de que os juros podem cair ainda mais, no entanto, cresceram nos últimos dias.
Varejo
A desaceleração da economia tem ocorrido especialmente na indústria, que deve terminar o ano com crescimento perto de zero (leia mais nesta página). Ainda ontem, no entanto, o otimismo com o varejo também foi colocado em xeque. Pela manhã, o IBGE anunciou que as vendas caíram 0,8% em maio na comparação com abril, bem pior que a previsão do mercado, de alta de 0,5%. Também revisou para baixo os dados do desempenho acumulado no ano. O número deu força à corrente que prevê que o ciclo de corte do juro não termina em agosto. "Havia percepção negativa com a produção, mas conforto com o varejo. Mas tivemos um sinal contrário e o varejo tende a começar a pesar mais", diz o economista-chefe do Santander, Maurício Molan.
Crédito
Para Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o novo corte terá efeito limitado nas operações de crédito para consumidores e empresas. Segundo a entidade, existe uma diferença "muito grande entre a taxa Selic e as taxas de juros cobradas aos consumidores, que na média da pessoa física atingem 105,36% ao ano, provocando uma variação de mais de 1.000% entre as duas pontas".
De acordo com as simulações feitas pela Anefac, a taxa média das operações para os consumidores, atualmente em 6,18% ao mês, deve cair apenas 0,04 ponto porcentual, para 6,14%, com o corte anunciado.
CNI rebaixa previsão do PIB brasileiro de 3% para 2,1%
Agência Estado
A indústria se alinhou ao mercado financeiro e prevê agora que a economia brasileira crescerá menos este ano que em 2011. A expectativa é de que a expansão seja de 2,1%, calcada ainda no consumo das famílias, que por sua vez se sustenta na resistência do mercado de trabalho. A revisão para baixo só não foi maior porque a Confederação Nacional da Indústria (CNI) já embutiu em sua análise uma leve recuperação da atividade proporcionada pelos efeitos da alta do dólar.
Para o próprio setor industrial, a entidade também mostrou menos otimismo. Espera que o avanço seja de 1,6%, igual ao do ano passado. Por trás dessa perda de ânimo está a projeção de que os investimentos crescerão menos, apenas 2,5% ante previsão de expansão de 5,6% feita em março.
A atuação do governo para estimular a economia doméstica, apesar de correta, tem apresentado pouco resultado prático, na avaliação do gerente de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. "A reação da política econômica foi a de reativar o consumo, mas a estratégia está tendo resultados mais limitados agora, com o comprometimento maior da renda", avaliou. Mesmo assim, o economista não tem dúvidas de que o governo continuará sua política fiscal expansionista.
Castelo Branco ressaltou que o investimento não decola porque os empresários não conseguem enxergar um cenário de maior atividade Ao mesmo tempo, a produção não avança por falta de investimentos. "É preciso um choque externo que gere mudança de expectativas", disse.
Ainda que não se saiba quais são os impactos reais da redução dos custos com a desoneração da folha de pagamento, que vai beneficiar alguns setores da indústria, a CNI apontou que este pode ser um gatilho ao lado dos efeitos do novo patamar da taxa de câmbio e a existência de outras medidas adicionais que alavanquem investimentos, principalmente em infraestrutura. "Estes podem ser esse fator externo que permite destravar o ciclo não investe porque não cresce e não cresce porque não investe. É preciso esse fator para romper essa armadilha", argumentou o economista.
O que se vê até agora é que a tão sonhada combinação de juros em baixa e câmbio em alta pelos empresários brasileiros não trouxe os resultados esperados pelo setor. "O ambiente macroeconômico melhorou, sem dúvida, com o câmbio mais favorável e a taxa de juros em queda, mas há recessão na zona do euro, temos um crescimento americano mais moderado e os próprios emergentes estão em desaceleração", citou.
Para a CNI, a cotação média do dólar em dezembro será de R$ 2 e a Selic encerrará 2012 em 7,5% ao ano.
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