Rio de Janeiro Em novembro de 2001, a Apple, até então sinônimo de bons computadores voltados para amantes de alta tecnologia, resolveu apostar num mercado até então pouquíssimo explorado. Tinha início ali a era iPod. Mais: começava também o império da música digital. A mudança de rumo da companhia comandada por Steve Jobs não só a salvou da bancarrota como catapultou uma revolução na indústria de eletrônicos.
O resultado é que, cinco anos e meio depois, a Apple anunciou a marca de 100 milhões de iPods vendidos e, apesar da ameaça de diversos modelos lançados por dezenas de marcas, seu tocador continua sendo o aparelho de entretenimento pessoal mais vendido no planeta tem mais de 70% do mercado norte-americano de players.
De 2001 para cá, a Apple já produziu mais de dez modelos diferentes de iPod dos primeiros "pesadões" passando pelos modelos mais finos, os Nano, Shuffle e o extinto Mini. Atualmente, convivem no portfólio da empresa modelos potentes como o iPod Video (que vai até os 80 GB de capacidade de armazenamento) e miniaturas como o Mini Shuffle em versões com menos memória.
Jobs, como não podia deixar de ser, falou sobre a marca dos 100 milhões de players vendidos. "Neste marco histórico, queremos agradecer aos amantes da música em todos os lugares por terem feito do iPod um sucesso incrível. O iPod já salvou milhões de pessoas ao redor do mundo a reacender sua paixão pela música, e adoramos fazer parte disso", disse o executivo.
O primeiro iPod foi apresentado pela Apple como uma espécie de dublê de HD externo ele era mais uma opção de mídia para armazenamento de arquivos. O primogênito tinha dez centímetros de altura, 1,9 de espessura e pesava 185 gramas. Sua memória já era poderosa: ele continha um disco rígido de 5 gigabytes, capaz de armazenar mil músicas no formato MP3 com compressão de 160 kbps.
O aparelho, que nasceu junto com o software iTunes 2.0, foi bem recebido pelo público e pela imprensa especializada, todavia com uma ressalva significativa: era considerado muito caro (US$ 399). Mesmo assim, as vendas superaram as expectativas, permitindo à Apple deixar para trás marcas fortes do mercado como a Creative, que dominava o mundo dos tocadores de música digital com o seu Nomad Jukebox, MP3 player do tamanho de um tocador de CD e com disco rígido de 6 GB. As vendas foram tão boas que, em março de 2002, a Apple lançou uma versão dobrada do iPod: desta vez, com 10 GB e custando US$ 499.
A segunda geração dos iPods foi lançada em julho de 2002 durante a MacWorld, evento que reúne o mundo Apple e que acontece duas vezes por ano, em São Francisco e Nova York. O novo iPod vinha em duas versões de 10 GB e de 20 GB e trazia uma incrível novidade: a rodinha de rolagem mecânica foi substituída por uma sensível ao toque (touchscreen).
Foi só na terceira geração de abril de 2003 que surgiu a série dos iPods "ultrafinos" em versões de 10 GB, 15 GB, 20 GB, 30 GB e 40 GB. Além das menores espessuras, a terceira geração também pôs fim à tática da Apple de lançar iPods em versões diferentes para iMacs (o hardware da marca) e PCs com Windows. A partir de então, os iPods vinham com os HDs formatados para uso em Mac; quem tinha PC usaria um CD-ROM que vinha junto com o produto para reformatá-lo para uso no sistema operacional da Microsoft.
Em meados de 2004, a Apple lançou o que seria a "forma final" do iPod: um aparelho mais fino (1 milímetro a menos que o modelo antecessor) e diferenciado pela "roda clicável" (click wheel). Mas ele ainda não tinha tela colorida e nem suportava arquivos de fotos. Outra novidade foi a implementação do carregamento de bateria via porta USB. Reconhecendo a demanda latente, rapidamente a Apple deu um jeito de lançar um modelo que suportasse imagens. Assim, pouco tempo depois de lançada a 4.ª geração, a empresa lançou o iPod Photo, em versões de 40 GB (logo substituída pelas de 30 GB) e 60 GB, capazes de armazenar arquivos em formatos JPEG, BMP, GIF, TIFF e PNG.
Em junho de 2005, a Apple fundiu os modelos iPod convencionais com os iPod Photo, criando uma linha de players capazes de armazenar fotos e sons.
A ligação do aparelho com a loja de downloads iTunes Music Store foi outro motivo de alegria para Jobs: por ali, já foram vendidas 2,5 bilhões de músicas e o portal tem, atualmente, mais de 5 milhões de canções disponíveis para download, além de 350 shows de TV e 400 filmes.
Hoje, a marca iPod movimenta uma rede de produtos que nasceram a reboque dela: são mais de 4 mil itens relacionados ao player, entre acessórios e aparelhos que se conectam ao tocador. O catálogo atual inclui variações de cores do Shuffle, modelo que assumiu recentemente um formato minúsculo e com 1GB. Há ainda os Nano em versões 2 GB, 4 GB e 8 GB, também em cores variadas. Por último, os iPods, com modelos de 30 GB e 80 GB, este capaz de armazenar 20 mil músicas, 25 mil fotos e 100 horas de vídeo. Ou seja, a concorrência pode até lançar players mais simples e com design parecido, mas a Apple, 100 milhões depois, ainda faz o tocador mais cool.