Poucos negócios familiares conseguem atingir a marca que a Glaser Comércio de Artigos para Presentes, de Curitiba, conquistou neste mês. São 120 anos funcionando no mesmo endereço, na rua Comendador Araújo, no centro da capital. De lá pra cá, muitas mudanças – da estrutura, que foi bastante reduzida, aos produtos vendidos.

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O tradicional comércio de secos e molhados do século XIX, que na época tinha uma área 70% maior, dá lugar a um prédio reformado e prateleiras com muitos produtos chineses, mas também cristais da Polônia e da Tchecoslováquia. Ainda assim, lembranças do passado ainda estão por lá, como a primeira caixa registradora da loja, um cofre, livros-caixa e outros itens – expostas no hall de entrada do prédio construído ao lado da loja, cuja galeria, com espaço para 20 lojas, era o antigo armazém de secos e molhados.

Mas as adaptações e a redução no número de funcionários foram necessárias, avalia o atual proprietário, Mario Fernando Glaser. "Foi melhor assim, porque senão hoje com certeza estaríamos de portas fechadas."

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Inaugurada como a Firma Wenceslau Glaser, nome de seu criador, em 4 de janeiro de 1887, a loja oferecia um pouco de tudo à clientela, que era vasta. Além dos compradores ocasionais, que passavam pela loja durante o trajeto para São Paulo e o norte do Paraná. Era possível encontrar alfafa, ferragens e tintas produzidas no próprio local. Os vendedores passavam nas casas dos clientes pela manhã, tomando nota dos pedidos que seriam entregues à tarde. Tudo era anotado em uma caderneta e a conta era acertada no final do mês. "Naquela época era mais fácil cobrar e receber. As pessoas tinham palavra, era o fio do bigode, como se diz", conta Mario.

Ele não sabe determinar qual a pior crise pela qual o negócio da família passou. "Foram muitas fases difíceis, todas superadas", afirma. Atualmente, Mario Glaser engrossa o coro dos empresários que pedem a diminuição da carga tributária, mas não alimenta grandes esperanças. "Tento resolver os problemas com as ferramentas que tenho na mão. Não dá para depender do governo não", assegura.

O imóvel atual da casa Glaser, inaugurado em 1914 utilizando a estrutura da construção anterior, é cadastrado como Unidade de Interesse de Preservação (UIP) de Curitiba. Qualquer reforma ou intervenção precisa ser autorizada pela Comissão de Avaliação do Patrimônio Cultural, da prefeitura municipal. Há cinco anos também funciona na loja um centro cultural. O prédio comercial vizinho foi construído em 2001, pela Andrade Ribeiro.

A loja, de 1,2 mil metros quadrados, sempre contou com cerca de 20 funcionários. Em 2001, quando a firma vendia apenas ferragens e cristais e contava com 17 funcionários, foi dividida entre Mario e o irmão José Heraldo Glaser. A parte de ferrragens fechou, mas Mario continua tocando o negócio. Com 69 anos, ele programa trabalhar até quando a saúde agüentar. Depois disso, uma das filhas, que cursou direito e administração, deve assumir o comando.