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O Ministério do Turismo e o da Justiça, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), anunciaram que vão investigar a decisão da agência de viagens digital 123milhas de suspender a emissão de milhares de passagens e pacotes de sua linha promocional, com data de embarque entre setembro e dezembro.
O anúncio foi feito pela empresa na sexta-feira à noite. Ela argumenta que devido a condições de mercado adversas foi obrigada a interromper a linha promocional durante o restante do ano. Uma das hipóteses para o problema, segundo “O Globo”, é que teria ocorrido um descasamento financeiro.
A posição da empresa
A empresa informou, em seu site, que só não será afetado que já recebeu passagem, localizador ou e-ticket. Também destacou que os pedidos da linha promocional para embarque a partir de janeiro de 2024 serão honrados.
Segundo a 123milhas, os valores pagos pelos clientes acrescidos com correção monetária de 150% do CDI - um índice acima da inflação e dos juros de mercado – serão ressarcidos por meio de vouchers que poderão ser usados na compra de quaisquer passagens, hotéis e pacotes na empresa. Eles valerão por até 36 meses após a solicitação do reembolso.
“Nós entendemos que essa mudança é inesperada e lamentamos o inconveniente que isso possa causar. Por isso, estamos fazendo o possível para minimizar as consequências deste imprevisto”, diz nota da 123milhas.
Procon-SP também vai investigar
Nota do Ministério do Turismo destaca que os órgãos estão “empenhados na busca de mecanismos que evitem que situações semelhantes voltem a se repetir e na responsabilização de empresas que, porventura, tenham agido de má-fe.”
Um órgão que irá notificar a empresa é o Procon-SP. Segundo a “Folha de S.Paulo”, a entidade de defesa do consumidor quer saber as razões para a suspensão. O questionamento deve ser enviado nesta segunda-feira. A orientação do órgão é de que os consumidores entrem em contato com a empresa e registrem queixas contra a 123milhas;
Caso é o segundo desde abril
É a segunda startup de turismo que vendia passagens ou pacotes com preços muito abaixo dos praticados pelo mercado e datas flexíveis de embarque a registrar problema neste ano.
A primeira foi a Hurb, cujo fundador, José Ricardo Mendes, renunciou ao cargo de CEO, no final de abril, após envolver-se em polêmica com um cliente que deixou de ser atendido pela empresa.
Segundo o portal “Mercado & Eventos”, especializado em turismo, desde então, a Hurb vem sendo questionada administrativa e judicialmente por não atender seus clientes. Em 24 de abril, o Ministério da Justiça determinou a abertura de um processo contra a empresa por “desrespeito aos direitos dos consumidores que compraram viagens com a plataforma.”
Em maio, a Senacon decidiu suspender as vendas de novos pacotes da Hurb e no mês passado, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) abriu inquérito para apurar possíveis crimes cometidos pela empresa.