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Cerca de 2 mil manifestantes saíram nesta quinta-feira (04) de Niterói para um ato de protesto em frente à sede da Petrobras, no Rio. Eles reivindicavam a construção da plataforma P-62 no estaleiro Mauá, em Niterói, em vez do afretamento no exterior. Uma comissão de sindicalistas representando os trabalhadores foi recebida por assessores da diretoria e teve a resposta de que a decisão seria tomada ao longo da próxima semana. Integrou a comissão o senador Marcelo Crivella , bispo licenciado da Igreja Universal e candidato à prefeitura do Rio pelo PRB.

A manifestação, que durou mais de duas horas, obrigou a Petrobras e o BNDES, do outro lado da calçada, a fecharem suas entradas principais, como prevenção a eventuais atos de violência. A maior parte dos manifestantes chegou à sede da estatal em passeata, após atravessar a Baía da Guanabara em três barcas e mais seis ônibus. Durante o protesto, os sindicalistas, munidos de alto-falantes, criticavam o diretor de Exploração e Produção da companhia, Guilherme Estrella, e o gerente executivo José Antônio de Figueiredo, alegando que eles estavam "contra os trabalhadores do Rio de Janeiro".

Este mesmo protesto também foi estampado em faixas penduradas nas grades da fachada do edifício. Os manifestantes trajavam uniformes dos estaleiros Mauá e Eisa - ambos administrados pelo Grupo Marítima, do empresário German Efromovitch. Segundo os sindicalistas, também participaram do protesto trabalhadores do estaleiro, Brasfels, de Angra dos Reis, que chegaram em três ônibus fretados.

A polêmica em torno da construção da P-62 se arrasta há pelo menos seis meses dentro e fora da Petrobras. Em março, os sindicalistas e trabalhadores haviam feito um protesto pela mesma causa e, segundo eles, receberam garantia da diretoria da Petrobras de que a unidade seria construída no Rio.

Destinada ao campo de Roncador, na Bacia de Campos, e com capacidade de produção de 180 mil barris por dia, a P-62 inicialmente seria clonada da P-54, construída pelo Mauá. A estratégia de clonagem de uma unidade de produção teve início no ano passado e serve para agilizar a viabilização de projetos, porque dispensa a realização de uma licitação. Isso porque o projeto é feito de forma idêntica a um já contratado pela empresa e deve ser encomendado junto ao mesmo construtor e pelo mesmo preço.

Desta forma, a P-62, sairia por US$ 1,2 bilhão - US$ 200 milhões acima da P-54, devido a ajustes no preço. Segundo fontes internas da estatal, há uma discordância na diretoria sobre o assunto, já que parte da equipe técnica defende que a unidade seja afretado no exterior ou até mesmo que o projeto seja cancelado, diante da demanda da estatal por investimentos em áreas mais importantes, como no desenvolvimento do pré-sal. O Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro alega que o estado perderia de dois mil a quatro mil trabalhadores se as obras não forem feitas.

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