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Importação

20% dos eletrônicos chegam prontos do exterior

Linha de produção de circuitos de computadores na China: nas lojas brasileiras de eletroeletrônicos, a inscrição “made in Brazil” já é raridade | Bobby Yip/Reuters
Linha de produção de circuitos de computadores na China: nas lojas brasileiras de eletroeletrônicos, a inscrição “made in Brazil” já é raridade (Foto: Bobby Yip/Reuters)

São Paulo - Um em cada cinco equipamentos elétricos e eletrônicos vendidos no mercado brasileiro já vem pronto do exterior. Só em 2009, fabricantes do setor instalados no Brasil importaram o equivalente a R$ 23,9 bilhões em produtos asiáticos, de disjuntores residenciais a equipamentos pesados de infraestrutura, vindos principalmente da China.

A invasão asiática não é fenômeno recente nem restrito ao Brasil, mas acelerou a substituição da produção local por importados. Fabricantes nacionais alegam não ter condições de isonomia de impostos, logística e custos de mão de obra para competir com os produtos asiáticos, que ficam ainda mais baratos com a valorização do real.

Cada vez mais empresas instaladas no país, que não têm filiais no Leste da Ásia, fazem acordos com empresas da região que produzem para terceiros no mundo todo. Elas importam produtos fabricados em países como China, Taiwan e Coreia, e apenas mudam a embalagem e carimbam sua marca antes de distribuí-los no mercado brasileiro. A operação fica ainda mais fácil para quem já tem fábrica na Ásia.

O ritmo de substituição da produção local por importação é tão acelerado que já se reflete de forma clara nas estatísticas do setor eletroeletrônico. Em apenas cinco anos, a participação de bens finais importados passou de 15,9% da vendas internas do setor, em 2005, para 20,4%, no ano passado. Em reais, o valor quase dobrou: saltou de R$ 13,4 bilhões para R$ 23,9 bilhões no mesmo período. Em 2009, o consumo aparente do setor (faturamento menos exportações mais importações) atingiu R$ 117,7 bilhões.

Substituição

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, fala em desindustrialização. "Desde que nossa moeda começou a valorizar-se face as forças do tal mercado, muitas indústrias, num primeiro momento optaram por substituir componentes nacionais por importados, para manter a competitividade, diminuindo sensivelmente a intensidade de cadeias produtivas."

"Agora, para muitos produtos, estamos no segundo estágio: deixamos de fabricar e empregar no Brasil e passamos a importar produtos prontos, sobretudo do Leste asiático, com marca, garantia e assistência técnica locais", ressalta o presidente da Abinee.

Basta um giro pelos supermercados para constatar a profusão de produtos "made in China" nas gôndolas das lojas. O consumidor pode até não perceber, mas os chamados produtos térmicos, de uso diário, como sanduicheira, torradeira elétrica, panela elétrica, forno elétrico, depilador, barbeador elétrico, chapinha e secador de cabelos, já não trazem mais a inscrição "fabricado no Brasil", em letrinhas miúdas.

De olho nas obras de infraestrutura que o Brasil precisa fazer, um número crescente de fabricantes chineses abre representações no país e se candidata a fornecer equipamentos para projetos do setor. "Eles passaram a enxergar o mercado de forma muito mais séria, destinando muito mais recursos para instalação de subsidiárias de vendas para atacar nossos clientes", conta o diretor-geral de energia da Siemens, Newton Duarte.

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