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Finanças pessoais

2013 é charada para os investidores

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O mundo não acabou, mas está mudando. Poucas vezes, em anos recentes, o investidor brasileiro encontrou um cenário tão difícil de decifrar no início de um ano. 2013 chega com três marcas principais que não combinam entre si: baixo crescimento, inflação alta e juros em queda. Esses fatores nunca apareceram juntos no horizonte econômico do país, e encontrar aplicações que se encaixem com essas variáveis será o principal objetivo de analistas de investimentos e consultores ao longo do ano.

Os juros, aliás, são novidade total. Desde que a taxa Selic foi criada, eles nunca estiveram no patamar em que se situam hoje. Com a inflação relativamente alta que se prevê, os juros reais se estreitam (veja mais no gráfico). Por isso, a alternativa segura do passado – as aplicações em renda fixa – é muito menos atraente do que era. Tirando tarifas e impostos, a renda fixa pode empatar ou até perder para a escalada dos preços. "Não vai ter grandes remunerações vindas de juros", decreta o professor Marcelo Curado, do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná. Para ganhar dinheiro em 2013 será preciso correr mais riscos.

E o que isso quer dizer? Para quem gosta do mercado financeiro, significa apostar menos em títulos do governo e mais em emissões de empresas privadas, como debêntures ou papéis baseados no mercado imobiliário. "Essa é uma mudança muito importante", resume o consultor financeiro Raúl Ribas, da empresa Diversinvest. "As pessoas vão precisar se preocupar em fazer análises de risco de crédito, algo que não é muito comum hoje em dia."

Isso porque os papéis privados são, de certa forma, semelhantes a notas promissórias. O investidor atua como alguém que faz um empréstimo, e o rendimento virá dos juros pagos pelo credor – que pode ser um banco, uma fábrica, uma construtora ou outra companhia qualquer. Assim, o investidor terá de ser assessorado por pessoas que conheçam um pouco a respeito da capacidade de pagamento dessas empresas. Se elas derem calote, o investidor ficará a ver navios. Ribas resume: "Se você bobear, perdeu dinheiro".

No capítulo dos títulos federais vendidos no Tesouro Direto, há chances de ganhos com os papéis pré-fixados e os indexados à inflação. Os pré-fixados chegaram a ter grandes valorizações no mercado secundário ao longo do ano, dando em alguns momentos mais de 20% de ganhos aos seus investidores. "Era uma moda", define o consultor em investimentos Raphael Cordeiro, da Inva Capital. "Essa valorização não deve se repetir em 2013."

Á moda antigaRendimento da poupança antiga é considerado excelente

Há uma exceção no cenário tenebroso que se apresenta para as aplicações que rendem juros: as contas antigas de poupança – ou seja, aqueles depósitos feitos antes de maio de 2012. Essas aplicações continuam rendendo 0,5% ao mês (6,17% ao ano) mais a taxa referencial (TR). Esse rendimento é considerado excelente, mesmo levando-se em conta que a TR tende a ser zero daqui para frente. "Dinheiro que está em poupança antiga está protegido", resume Raphael Cordeiro, da Inva Capital. "Enquanto puder, não mexa nesses recursos", aconselha.

A TR deve se manter zerada por causa do método de cálculo. Ela é definida a partir do rendimento de uma cesta de CDBs dos principais bancos do país. Sobre a média desses títulos é aplicado um redutor. Com a queda nos juros, a TR foi diminuindo até cair a zero – e daí não passa, porque a lei proíbe.

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