Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
energia

2015 começa com bandeira vermelha na conta de luz dos brasileiros

Previsto para vigor há um ano, o sistema de bandeiras tarifárias poderia ter ajudado a amenizar o rombo causado pela compra de energia cara das usinas térmicas | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Previsto para vigor há um ano, o sistema de bandeiras tarifárias poderia ter ajudado a amenizar o rombo causado pela compra de energia cara das usinas térmicas (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

O ano novo começa com bandeira vermelha na conta de luz do consumidor brasileiro. A partir de janeiro, o custo da energia gerada pelas usinas térmicas será cobrado mensalmente na tarifa por meio do sistema de bandeiras tarifárias, que sinaliza e repassa de forma imediata o preço da energia que está sendo consumida. Se o cenário de 2014 – de chuvas escassas, reservatórios em queda e grande dependência térmica – se repetir em 2015, a previsão é de um aumento de 8% a 9% na conta de luz ao longo do ano, calculam especialistas do setor.

O sistema de bandeiras representa o custo da energia com base nas condições de geração e dá um sinal de preço ao consumidor. No pior cenário, de bandeira amarela ou vermelha, a tarifa do consumidor residencial terá um acréscimo mensal que pode variar de R$ 1,50 a R$ 3 por mês a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Segundo Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, o consumo médio de uma família no país é de 150 kWh. Considerando bandeira vermelha, a conta de luz teria um acréscimo médio de R$ 4,50. Janeiro, por exemplo, terá bandeira vermelha em todos os quatro subsistemas do país, informou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na última sexta-feira. No dia 30 de janeiro, a Aneel divulga a cor da bandeira que vale para o mês de fevereiro.

Na prática, o consumidor já vem pagando o preço da elevada dependência de energia térmica nos últimos anos. A diferença é que, até então, essa cobrança ocorria apenas uma vez por ano, na data do reajuste das concessionárias de distribuição – 24 de junho, no caso da Copel. Agora, esse repasse será feito mês a mês, sinalizando previamente ao consumidor o preço da energia que ele consome e dando a opção de economizar. "Um estudo recente apontou que as bandeiras podem levar a uma retração de 1,8% no consumo de energia", afirma Vlademir Santo Daleffe, diretor de distribuição da Copel.

Pelo cálculo da Aneel, no pior cenário, com bandeira vermelha durante o ano todo, o sistema devem reverter às distribuidoras R$ 800 milhões por mês em 2015. No ano, são R$ 9,6 bilhões de alívio para o caixa das empresas e uma preocupação a menos para o governo que será transferida para a conta de luz do consumidor. Até agora, as distribuidoras absorviam esse custo, mas não tinham a contrapartida tarifária imediata, o que sangrava o caixa das empresas até a data do reajuste, quando o valor era recomposto, porém, sempre de forma defasada. "A arrecadação das bandeiras atenua a necessidade de aportes do governo e alivia o índice do reajuste", explica Daleffe.

Pressões

O impacto das bandeiras na conta de luz depende de fatores como o comportamento das chuvas, nível dos reservatórios e uso de energia térmica. Quanto maior a dependência das usinas térmicas, sabidamente mais caras, maior será o custo repassado aos consumidores. Com o nível baixo dos reservatórios, é provável que as térmicas continuem ligadas por um bom tempo, fazendo com que o sistema de bandeiras eleve a conta de luz.

Segundo Fábio Cuberos, gerente de Regulação da Safira, empresa de consultoria e comercializadora de energia, o cenário é crítico em termos operativos. "Ainda é cedo pra falar em racionamento, mas o risco aumenta a cada dia que passa", avalia. As chuvas de outubro, que servem para molhar e preparar o solo, foram insuficientes, explica ele. Essa função acabou sendo feita pelas chuvas de novembro e dezembro, que apenas frearam o ritmo de queda dos reservatórios. "O governo envia sinais contraditórios ao consumidor. De um lado, adota as bandeiras, que indicam a energia mais cara e têm potencial para estimular uma economia de energia. Em contrapartida, reduz o teto do PLD, sinalizando queda no preço e estimulando aumento do consumo. Temos uma conta que não fecha", afirma Cuberos.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.