A esperança de que a economia brasileira poderia “entrar nos eixos” em 2016 ficou para trás. A sucessão de más notícias no segundo semestre – como os dois rebaixamentos da nota brasileira, o aumento do desemprego e a inflação em dois dígitos – disseminou ainda mais um pessimismo que atinge analistas de mercado, empresários e consumidores.
A trajetória das projeções de economistas reunidas ao longo do ano pelo Banco Central em seus relatórios semanais ilustra bem a deterioração das expectativas para 2016. Em janeiro, os analistas ouvidos pelo órgão monetário chegavam a prever um crescimento do PIB de 1,50% no ano que vem, assim como uma inflação de 5,60%, ainda dentro do teto da meta. No último boletim, do dia 18 de dezembro, as previsões eram bem diferentes: retração no PIB de 2,80% e inflação beirando os 7% (veja infográfico).
A percepção de analistas ouvidos pela Gazeta é de que 2016 será um “ano perdido” e que possíveis ajustes e correções só devem ser sentidos a partir de 2017. “É muito difícil reverter todo esse pessimismo. Há um mercado muito reativo, com empresários com baixa disposição para investimento e consumidores sentindo o impacto do aumento do desemprego. Para 2016 não há reversão desse processo. Mesmo em 2017 e 2018 não esperamos uma grande melhoria de cenário, mas, ao menos, uma estabilização”, afirma o economista da Tendências Consultoria Integrada Silvio Campos Neto.
Para o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) Marcel Grillo Balassiano, a crise política, com a possibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff, torna o cenário econômico para o ano que vem ainda mais nebuloso. “Na melhor das hipóteses, 2017 pode ter alguma melhora, mas nem isso podemos afirmar, porque o quadro é de muita incerteza”, resume.
Veja quais serão as principais “heranças” na economia para 2016 e como devem se comportar os principais indicadores que norteiam as políticas do governo e a rotina dos brasileiros.