Fila em frente à Associação Comercial: nome limpo para voltar a comprar| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Mutirão

2,6 mil fazem fila para limpar nome em Curitiba

O mutirão para negociação de dívidas realizado pela Associação Comercial do Paraná (ACP) em Curitiba atendeu a mais de 17 mil pessoas nesta semana. Só ontem, o último dia, foram cerca de 2,6 mil, que enfrentaram filas longas e a chuva no Centro da cidade. A preocupação dos devedores era deixar o nome limpo para aproveitar as ofertas antes do Natal, afirma a gerente de serviços da ACP, Simone Scuissatto. "Houve pessoas que nem tinham o nome ainda registrado pela empresa [como mau pagador], mas que se anteciparam para vir resolver", conta. A gerente avalia que a maioria dos atendimentos resultou em acordo – o percentual será divulgado na semana que vem. A maioria das dívidas somava de R$ 30 a R$ 600. "São principalmente parcelas atrasadas", diz ela. Em 2012, foram atendidas 26,8 mil compradores (a ação durou 12 dias). Pagas as parcelas, o cliente pode esperar de dois a cinco dias para ter o nome limpo. O ideal é que a retirada do nome de cadastro de proteção do crédito seja imediata, mas esses costumam ser os prazos praticados pelas lojas. As dívidas antigas foram as que conseguiram melhores acordos, diz Simone. "Nesse caso, as empresas estavam quase aceitando o que o consumidor poderia pagar". O mutirão da ACP ocorre desde 2010.

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O Procon-SP informou ontem estar investigando denúncias contra 21 lojas que aderiram no Brasil à Black Friday, a tradição norte-mericana que leva o varejo a liquidar estoques pouco antes da época de Natal. Segundo o órgão estadual, as investigações foram abertas com base em pelo menos 87 queixas compartilhadas em redes sociais. Duas lojas estão no grupo das sete que respondem a processos administrativos desde 2012 por suspeita de forjarem descontos para a liquidação.

Segundo o órgão estadual, as denúncias a serem apuradas tratam novamente de maquiagem de descontos – a prática de aumentar os preços pouco antes da oferta para dar a impressão de que os descontos foram altos. O Procon-SP anunciou que o resultado das apurações, que inclui a posterior defesa das empresas, serão encaminhados ao Ministério Público.

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Na lista de investigadas pelo Procon constam 15 lojas que fazem parte da ação do site Busca Descontos, a maior no país – neste ano, foram 96 lojas virtuais. Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, a Black Friday brasileira é uma iniciativa principalmente do comércio eletrônico. Mesmo com reclamações de consumidores sobre sites fora do ar e descontos nem tão agressivos assim, a ação do Busca Descontos vendeu R$ 174 milhões em produtos nas primeiras 12 horas de ontem.

A demanda por ofertas se refletiu no hotsite desenvolvido pelo Reclame Aqui para receber reclamações sobre a ação. Até as 19 horas de ontem, a plataforma registrava cerca de 5,6 mil denúncias, que ao longo do dia causaram instabilidade no próprio hotsite. Segundo a diretora do Reclame Aqui, Gisele Paula, o foco das reclamações mudou neste ano. Na madrugada – a ação começou à meia-noite de sexta-feira – o assunto eram as falhas de conexão. Depois, foram os erros técnicos no pagamento dos produtos do carrinho de compras.

Os preços começaram a ser o tema principal no fim do dia. Com uma diferença em relação a 2012: o número de denúncias sobre descontos maquiados caiu, mas as ofertas continuaram desapontando. Em uma parceria com o Procon-RJ, a associação Proteste registrou indícios de outra prática: o aumento de preços de produtos que não estavam em promoção. Segundo a entidade, a estratégia é questionável porque pode induzir consumidores a erro.

As reclamações sobre descontos que fogem aos da tradição americana têm cabimento. Enquanto as ofertas anunciadas nos EUA ontem tinham, em média, 70% de desconto, a média no site www.blackfriday.com.br foi de 20% segundo uma consultoria contratada como forma de dar transparência à ação depois das denúncias do ano passado.