Casos
Conheça algumas campanhas que geraram polêmica em 2012 e que acabaram sendo suspensas
Viral
A peça publicitária "Dieta do Sexo", veiculada em redes sociais pela empresa DKT Internacional, detentora da marca de preservativos Prudence, foi suspensa pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). Em formato de tabela calórica, o viral intitulado "Dieta do Sexo" dizia que tirar a roupa de uma mulher queima 10 calorias, enquanto fazer o mesmo sem o consentimento da parceira consome 190 calorias. Entidades de proteção aos direitos da mulher afirmaram, na época da divulgação, que a campanha incentivava a violência sexual.
Sobre as águas
A Red Bull lançou uma propaganda em que o personagem principal era Jesus Cristo, que bebe o energético e caminha sobre as águas, fazendo referência a uma passagem bíblica. O Conar interpretou que o comercial fazia uma ofensa a moral religiosa e recomendou a suspensão imediata.
Invisível
A cerveja Nova Schin foi para a televisão no ano passado com uma peça em que um grupo de amigos imaginava como seria se eles fossem invisíveis. Eles corriam atrás das mulheres de biquíni na praia, cutucando-as. O comercial recebeu tanta reclamação, por possuir conteúdo que poderia remeter ao estupro, que bombou nos trending topics do Twitter.
Estagiário
No caso da Peugeot, o Conar pediu que uma campanha envolvendo um estagiário fosse suspensa por desrespeitar a figura do profissional. No filme, ele é pisoteado por clientes de uma concessionária e tratado de forma irreverente pelos vendedores.
Racismo
O anúncio da nova embalagem do azeite Gallo teve de ser modificado por decisão do Conar. A peça foi considerada racista. O texto da propaganda dizia: "O nosso azeite é rico. O vidro escuro é o segurança".
No ano passado, a publicidade brasileira registrou o maior número de campanhas suspensas em três anos. Foram 240 anúncios sustados, o maior volume desde 2009, quando o Conselho Nacional de Autorregulamentação (Conar) pediu a proibição de 268 peças. As campanhas passam pelo crivo do Conar após denúncias de consumidores, autoridades e dos concorrentes. O próprio órgão pode abrir processos se julgar necessário.
Dos 357 processos abertos em 2012 (alguns acabam arquivados), 177 vieram após queixas dos consumidores. Foi o maior número da história do Conar, que começou o levantamento em 1997. Até então, o recorde havia sido em 2003, quando foram instaurados 164 processos após reclamações dos consumidores.
Muitas vezes, nem é necessária a ação do Conar. O próprio anunciante acaba desistindo da campanha após a repercussão negativa. Foi o que aconteceu com a Volkswagen, que tirou do ar, na quarta-feira, um comercial do Gol. Na propaganda, o motorista, ao perceber a presença de um gato preto sobre o capô do hatch, usa o jato de água do para-brisas para espantar o felino. Nesse momento, o locutor anuncia: "Não dá para contar só com a sorte". O comercial foi alvo de manifestações de associações de defesa dos animais na página da montadora e nas mídias sociais.
Conflito
O presidente do Sindicato das Agências de Propaganda (Sinapro) do Paraná, Rodrigo Rodrigues, diz que a montadora tomou a melhor decisão. Para ele, a empresa deve evitar conflitos, mesmo que não concorde com as reclamações. E em época de força total para o politicamente correto e repercussão rápida nas redes sociais, as agências precisam estar preparadas.
Segundo Rodrigues, as associações e sindicatos que reúnem essas empresas promovem encontros e cursos regularmente para transmitir aos profissionais todas as informações sobre as regras do Conar e também sobre o Código de Defesa do Consumidor e o Estatuto da Criança e do Adolescente. Ele lembra que os temas mais delicados são infância, bebidas alcoólicas e medicamentos.
As regras e o risco da repercussão negativa exigem que os profissionais pensem nos possíveis impactos ainda durante o processo de criação. Ale Tauchmann, diretor da Taste, diz que num primeiro momento não existem filtros, mas depois a equipe vai lapidando a ideia até chegar ao resultado final.
Rodrigo Rodrigues afirma que vê com pesar algumas atitudes radicais que cerceiam a liberdade de quem cria. A comunicação fica mais chata, menos criativa, e o consumidor vai sendo impactado.
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