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Setor produtivo

2,6 mil horas para pagar tributos

O “impostômetro” da Gazin: 23% do faturamento vai para tributos e encargos | Divulgação
O “impostômetro” da Gazin: 23% do faturamento vai para tributos e encargos (Foto: Divulgação)

O grupo paranaense JMalucelli lucrou no ano passado R$ 142 milhões. Mas pagou pouco menos do que isso – R$ 133,2 milhões – somente em impostos diretos e encargos. A fabricante de perfumaria e cosméticos Natura desembolsa hoje o equivalente a 30% da sua receita líquida – algo em torno de R$ 1,5 bilhão por ano – para pagar a carga tributária. Na fabricante de componentes automotivos Brose, 20% do faturamento líquido, de R$ 370 milhões, foi destinado para os cofres dos governos.

A carga tributária brasileira vem engolindo parte significativa dos ganhos do setor produtivo. Um estudo do Banco Mundial revela que uma empresa no Brasil tem de trabalhar 13 vezes mais para pagar impostos do que uma companhia localizada em países desenvolvidos. O estudo, intitulado "Doing Business 2011", pesquisou 183 países e coloca o Brasil na 152ª posição entre os que mais têm de gastar para pagar tributos.

Uma empresa padrão no Brasil gasta em média 2,6 mil horas por ano para pagar impostos. A mesma companhia, se estivesse localizada em algum país da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), gastaria 199 horas.

O padrão brasileiro supera, inclusive, a média da América Latina e do Caribe, que é de 385 horas para pagar impostos. Segundo o Banco Mundial, os impostos consomem até 69% dos lucros das empresas instaladas no país.

Custos

Para as companhias, a carga tributária onera a produção, reduz a competitividade e não se traduz em benefícios significativos para a sociedade. Entre os empresários, o senso comum é de que governo arrecada muito e gasta mal.

O grupo de varejo Gazin, que tem sede em Douradina, no Noroeste do Paraná, instalou um impostômetro na entrada da sua sede e em algumas unidades para mostrar o quanto paga de impostos. O valor é atualizado a cada três meses. Tributos diretos e indiretos e encargos comprometeram cerca de 23% – algo como R$ 395 milhões – do faturamento da companhia em 2010. Segundo a Gazin, 57% do preço de uma lavadora de roupas, por exemplo, vem de impostos.

"O aumento da arrecadação não é bem aproveitado pelo governo. O Brasil não consegue sair do lugar em questões como infraestrutura, por exemplo. Ou seja, pouco da elevada carga tributária tem sido usada para desenvolver o país", afirma Joel Malucelli, presidente do grupo JMalucelli. No total, as 62 empresas que compõem o conglomerado pagaram o equivalente a R$ 219,5 milhões em impostos diretos, encargos trabalhistas e impostos retidos em 2010 – quase 20% do faturamento. "Uma reforma tributária poderia reduzir em 20% os impostos pagos e gerar um aumento na mesma proporção em arrecadação", afirma Malucelli.

Para Celeste Druszcz, gerente financeira da Brose do Brasil, além de elevada, a carga tributária brasileira é complexa, o que exige das empresas investimentos em departamentos "pesados" de contabilidade. Segundo dados do IBPT, a burocracia tributária absorve o equivalente a 1,5% do faturamento das empresas. Pelos cálculos da entidade, esse volume atingiu R$ 22 bilhões em 2010 em todo o país.

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