Maioria admite não ter poupado o suficiente
A maioria dos aposentados considera que teve uma relação apenas regular com o dinheiro durante a vida. Dentre os entrevistados, 43% consideram ter aposentadoria que garante o sustento da família, mas que exige certa economia para pagar todas as contas. Outros 28% dos aposentados avaliam que têm uma vida financeira tranquila, que garante o conforto necessário. E 23% gostariam de voltar no tempo para poupar mais e garantir uma vida financeira mais tranquila na aposentadoria.
Há, entretanto, aqueles que conseguem poupar mesmo já estando aposentados. Cerca de 30% dos entrevistados conseguem terminar o mês com alguma sobra financeira. A preocupação com uma reserva de emergência é a preocupação principal para 80% dos que poupam. Deixar uma herança para os filhos ou netos é o objetivo de 5%, mesmo índice dos que guardam dinheiro para viagens ou lazer. A compra de bens de consumo justifica a poupança de 1,75% dos entrevistados, mesmo índice dos que guardam o dinheiro para custear o próprio funeral.
A poupança é o destino preferido para 90% dos que conseguem economizar. Renda fixa tem a preferência de 8,7% dos idosos poupadores, seguida por título de capitalização (3,5%). Apenas 2,6% dos aposentados investem em bolsa de valores ou em imóveis.
Três em cada dez aposentados de Curitiba têm dívidas com empréstimo consignado ou cartão de crédito, de acordo com levantamento da Paraná Pesquisas sobre os hábitos de consumo dos idosos feito com exclusividade para a Gazeta do Povo.
Entre os que devem, um terço comprometeu mais de 30% de suas rendas com essas dívidas índice considerado como de risco por especialistas em finanças pessoais. Compra de produtos, gastos com saúde e empréstimos para familiares são os principais motivos que levam os aposentados a buscar esse tipo de financiamento.
Segundo dados da Previdência Social, o número de empréstimos consignados tomados por aposentados e pensionistas soma hoje R$ 2,9 bilhões, com crescimento de 26% em relação ao início de 2011.
A falta de conhecimento sobre o mercado de crédito acaba criando uma armadilha para essa parcela da população. Enquanto 27% fazem o empréstimo pensando no valor mensal da parcela, apenas 5% assinam o contrato levando em conta o valor total do financiamento. A pesquisa ouviu 390 moradores de Curitiba com mais de 60 anos.
A combinação entre endividamento alto e renda apertada preocupa. "Entrar na aposentadoria representa uma considerável queda na renda das pessoas. Para manter um determinado padrão de consumo, elas acabam se endividando. No caso do comprometimento da renda com o consignado, isso muitas vezes indica a troca de dívidas caras de curto prazo por outras, com juros menores e prazo maior", avalia o professor Jackson Ciro Sandrini, que dá aula nos departamentos de Contabilidade e Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Segundo ele, quando o crédito consignado foi autorizado, a quantidade de pessoas que foram buscar esse tipo de empréstimo foi muito grande. "Mas, para efeitos de endividamento, as taxas ainda são caras, e só são vantajosas se comparadas às de outras modalidades", indica.
Para o economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o uso do consignado tem efeitos positivos ao permitir o acesso a um crédito mais barato. "O problema é o abuso. Tem aposentado que faz empréstimo para o filho e começa a comprometer renda com coisas desnecessárias. Assim, algo que é positivo acaba gerando um problema e o aposentado acaba estourando o limite de sua renda", considera.
Cerca de 37% dos pesquisados usam sua renda para auxiliar filhos (25%), cônjuge (12,5%) ou netos (6%). Dos aposentados que auxiliam parentes, quase 64% acabam comprometendo 20% ou mais de sua renda mensal. "A renda do aposentado é baixa no Brasil e normalmente não dá conta nem mesmo dos itens básicos, o que acaba tornando a renda disponível muito pequena, levando ao endividamento", diz Silva.
O levantamento aponta que quase 80% dos idosos têm como principal fonte de renda a aposentadoria do INSS. Outros 10% continuam recebendo salários, 5% obtêm renda de negócios próprios e 3% recebem ajuda do cônjuge ou filhos. Apenas 2% do universo de pesquisados recebem aposentadoria complementar de um plano de previdência privada.
"A previdência privada é muito cara no Brasil. Principalmente para grande parte da população, que tem pouca renda disponível. Se mal dá para pagar as contas de mês, sobra pouco para poupar", diz Sandrini.
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