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O chef de cozinha Tadeo Furtado refuta piratas | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
O chef de cozinha Tadeo Furtado refuta piratas| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Rua 25 de Março, em São Paulo, "abastece" o país

Aproximadamente 90% dos CDs e DVDs piratas vendidos nas ruas de Curitiba vêm da Rua 25 de Março, no centro de São Paulo, segundo vendedores das mídias falsificadas da capital paranaense.

Leia matéria completa.

Fique atento aos riscos

A maioria dos consumidores de produtos piratas desconhece ou subestima os riscos que alguns produtos podem trazer à sua saúde e segurança. Além disso, não são raros os casos em que os compradores adquirem itens falsificados como se fossem originais.

• Tênis: Além da baixa durabilidade e resistência um tênis falso pode causar dores nas plantas dos pés, articulações (tornozelos e joelhos) e coluna.

• Óculos: Como as lentes não possuem tratamento adequado para a proteção, os olhos ficam expostos aos raios nocivos do sol.

• Cigarros: Substâncias tóxicas em quantidades acima do limite permitido pela ANVISA aumentam os riscos de danos à saúde dos consumidores.

• Materiais de higiene pessoal (desodorante; escova de dente; lâmina de barbear): Podem conter materiais ou substâncias inadequadas que causam danos à saúde como alergias e coceiras.

• Perfumes: Além da permanência curta do odor na pele, podem causar alergias ou irritações severas devido à composição química desconhecida.

• Produtos para limpeza doméstica: Não possuem controle de qualidade, podendo causar problemas de intoxicação e alergias. As embalagens não são feitas de acordo com as normas de segurança e podem causar acidentes.

• Medicamentos: Podem apresentar dosagens inadequadas de seus compostos, causando complicações à saúde do consumidor. Deve conter certificado do Ministério da Saúde e liberação da ANVISA.

• Brinquedos: Além de substâncias tóxicas, podem conter materiais que causam perfurações ou que podem ser engolidos facilmente pelas crianças. Precisa ter o selo do INMETRO, que indica a realização de diversos testes de segurança e a indicação da idade mínima.

• Pilhas e Baterias: Além da baixa durabilidade, geralmente apresentam grande concentração de produtos altamente tóxicos, que vazam com facilidade. Na embalagem devem constar informações sobre o fabricante, instruções de uso e descarte, data de validade e tamanho.

• Celulares: Podem causar danos ao consumidor como, por exemplo, baterias que explodem durante a utilização ou recarga. Precisa ter o selo da ANATEL, que garante que o aparelho emite radiação que não compromete a saúde do usuário, entre outras coisas.

• Eletrônicos, computadores e videogames: Em muitos casos, não atendem aos requisitos de qualidade técnica, ou seja, não estão adaptados aos padrões brasileiros, dificultando a sua utilização e durabilidade. Não possuem garantia e assistência técnica.

• Software: Defeitos que podem levar a perda de arquivos e informações importantes contidas no aparelho, causando prejuízos financeiros e pessoais.

• CDs e DVDs: Podem danificar os aparelhos leitores dessas mídias, causando prejuízo ao consumidor. Quem adquire também contribui para uma atividade que desrespeita os direitos autorais e sonega impostos.

• Peças automotivas: Possuem qualidade e durabilidade bastante inferior. Podem quebrar facilmente, causando prejuízo financeiro e, em casos mais graves, até mesmo acidentes. A orientação é procurar sempre uma oficina de confiança.

Fonte: Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP)

Apesar de pouco tolerantes com a pirataria, 41% dos curitibanos abrem uma exceção para a compra de CDs e DVDs falsificados, segundo um levantamento da Paraná Pesquisas encomendado pela Gazeta do Povo. Mais exigentes em relação à qualidade de produtos como tênis, roupas e acessórios, relógios, perfumes, softwares e artigos esportivos, mais da metade dos 422 entrevistados dizem que nunca compraram e nem comprariam produtos pirateados.

Confira no infográfico os números da pesquisa

Veja um comparativo de preço entre o produto original e falsificado

De acordo com a pesquisa, o principal motivo que leva os consumidores da capital a optar por um produto pirata é o preço baixo, apontado por mais de 86% dos compradores como fator determinante na hora da escolha.

Mas, se o preço é bom, a qualidade deixa a desejar. Para 64,1% dos compradores, a decepção com a baixa qualidade e durabilidade dos itens adquiridos fez com que deixassem de comprá-los ao longo do tempo. Esse também é o motivo pelo qual 55,7% das pessoas disseram nunca ter comprado um produto pirata.

Em Curitiba, segundo o levantamento, 39% das pessoas que nunca compraram produtos falsificados disseram não concordar com a prática ilegal que financia o crime organizado. Para Edson Luiz Vismona, presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade, no entanto, a maioria das pessoas não vê a pirataria dessa forma. Ao contrário, acredita que se trata de um delito leve e tolerável, justificado pelo "alto" preço dos produtos originais no mercado, o que acaba fomentando o crescimento desse crime.

Dano coletivo

O prejuízo causado aos cofres públicos e às empresas que têm suas marcas falsificadas pelo mercado da pirataria chega a R$ 20 bilhões por ano, segundo dados da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF). Só no Paraná, as perdas com a arrecadação de ICMS, por exemplo, somam, em média, cerca de R$ 300 milhões anuais. Em 2011, os setores mais prejudicados foram, na ordem, os de autopeças, cigarros, combustíveis e de CDs, DVDs e soft­wares. Somadas, as perdas no país chegam a R$ 6 bilhões, de acordo com a ABCF.

Segundo Rodolpho Ra­mazzini, presidente da ABCF, 30% de todo o cigarro consumido em Curitiba e região metropolitana é falsificado e contêm até seis vezes mais alcatrão e nicotina em relação aos níveis permitidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "O Paraná não é apenas destino e rota para os produtos piratas quem vêm do Paraguai, mas concentra também o maior polo de falsificação de autopeças, na região de Londrina e Maringá, e de roupas, em Apucarana", diz.

Apesar da intensificação das operações de fiscalização nos últimos anos, Ramazzini afirma que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer. "No Porto de Hamburgo, na Alemanha, 3,7 mil agentes fazem a fiscalização de tudo o que chega. No Brasil, somados todos os portos, aeroportos e a fronteira seca, o número de agentes treinados não chega a 2 mil", compara.

ComportamentoQualidade do original compensa preço maior, diz consumidor

Integrante de um grupo de consumidores bastante expressivo em Curitiba, conforme demonstrou o levantamento do Paraná Pesquisas, o chef de cozinha Tadeo Furtado, de 26 anos, afirma com orgulho que nunca comprou produtos piratas. "Quando penso em pirataria me vêm à cabeça dois tipos de produtos: roupas e acessórios e CDs e DVDs. No primeiro caso, sempre busco produtos de boa qualidade, com bom acabamento e durabilidade, itens raros no caso dos artigos falsificados", diz. A qualidade também é decisiva em CDs e DVDs. Furtado conta que, há tempos, acompanha a saga de familiares que insistem na compra das mídias falsificadas, apesar dos problemas constantes com filmes que não rodam ou têm qualidade de imagem e áudio péssimos. "Confesso que admiro algumas marcas por seu padrão de excelência, mas acho de péssimo gosto exibi-las, sobretudo quando o produto é falso. Conheço gente que teve até roupa rasgada por causa do zíper de uma bolsa falsificada".

A jornalista Priscila Paganoto e a prima Patrícia Solarewski também foram "vítimas" de um episódio estranho com CD pirata. "De uma hora para outra começamos a ouvir uma ópera, no meio de uma música sertaneja", conta Priscila. Em outro CD da mesma "safra", elas encontraram um pagode misturado às músicas sertanejas.

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