Estimativa do Ministério das Comunicações aponta que, só em 2022, mais de 50 milhões de pessoas poderão ser atingidas pela chegada da tecnologia 5G ao país. Esse alcance, entretanto, depende diretamente da renda do usuário. Com sinal liberado, o 5G vai chegar ao consumidor desde que ele tenha plano de alguma das operadoras que vão disponibilizar o serviço e também um aparelho compatível com a tecnologia – oferta ainda restrita a 68 modelos homologados por aqui e com preços não menores do que um salário mínimo.
O limitador pode parecer frustrante para alguns, mas a condição é muito similar ao momento da evolução anterior, em 2012. "O foco era todo em implantar a rede e faltavam smartphones compatíveis com a tecnologia. Foi um momento que possibilitou novos modelos de negócios através dos aplicativos (sejam as fintechs, sejam os serviços de entrega de comida), [mas eles só] vieram depois que as condições básicas [da tecnologia] estavam estabelecidas: tanto de smartphones, como de rede". O comparativo foi traçado pelo vice-presidente de Marketing e Vendas da Vivo, Marcio Fabbris, durante evento sobre o 5G realizado nesta quinta-feira (11) pelo Ministério das Comunicações em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Com a percepção de que o bolso do brasileiro será componente importante para o avanço da tecnologia, as operadoras de telefonia receberam vento favorável com a limitação da alíquota de ICMS que incide sobre serviços de telecomunicação. Em meio à corrida para a instalação da infraestrutura, a desoneração foi celebrada pelo presidente da Claro, José Félix, por seus possíveis reflexos na redução de preços e eventual conversão em aumento no consumo.
"Toda essa tecnologia do 5G vai depender de bilhões de dólares em investimentos. Para remunerar todo esse capital você precisa de assinantes e o que a gente vê no mercado brasileiro é que o nosso assinante tem dificuldade em pagar a conta em função da sua renda. Portanto, qualquer diminuição no preço final para que esse cliente possa acessar o serviço de telecom é hiper bem vinda: vai possibilitar a entrada de mais brasileiros nesse mercado tão importante de inclusão que é o telecom", completou.
A avaliação do setor é de que o leilão da tecnologia, no formato em que foi realizado, trouxe mais competitividade e a possibilidade de serviços mais acessíveis, ainda assim a popularização e consolidação da tecnologia leva tempo. Exemplo disso é o próprio 4G: realidade no Brasil há uma década, ele ainda não atingiu 100% dos municípios conforme a própria Anatel, 89 cidades seguem sem a cobertura.
Segundo o executivo da Vivo, a esperada revolução do 5G é caminho que começa a ser perseguido no país e que passará a ganhar musculatura à medida que a rede e o ecossistema no seu entorno se estruturem. Também neste sentido, o CEO da Claro pediu moderação quanto às expectativas. "A primeira coisa notável no 5G será, sim, aumento de velocidade; o restante não vai acontecer de imediato", afirmou ao frisar que as demais características da tecnologia, como baixo tempo de resposta e confiabilidade da rede, serão mais perceptíveis ao passo que haja mais "coisas falando com coisas", em uma alusão ao crescimento no volume de dispositivos compatíveis e a sua adoção, que deve ser inicialmente mais acelerada dentro do setor produtivo, com o B2B (ou serviço empresa para empresa).
Mesmo com o pedido de paciência, a perspectiva é de que os avanços possam se dar mais rápido do que o previsto - ao menos no que tange a infraestrutura. Para José Félix os esforços por parte dos operadores estão "acima da expectativa, o que faz crer que se vão atingir todas metas muito antes de 2029".
Atrasos pontuais no cronograma de chegada do 5G em 2022
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou que 25 das 27 capitais brasileiras terão 5G ativo antes da virada de agosto para setembro, dentro da meta fixada no edital de concessão. A perspectiva é que Belém e Manaus precisem de mais prazo para a ativação e, assim, não atendam o prazo para a chegada da tecnologia em todas as capitais e o DF, que se encerra no próximo dia 29.
Conforme a própria Anatel, as operadoras têm encontrado dificuldades para fazer a limpeza de faixa de 3,5 GHz nas capitais do Amazonas e do Pará e, com isso, devem ganhar 60 dias adicionais para encerrar a etapa, indispensável à liberação do sinal de quinta geração.
Em coletiva de imprensa na manhã desta quinta (11), Faria tratou a situação como exceção em face dos movimentos de implementação que tem avançado a contento nas demais capitais. Na avaliação do ministro, "as operadoras estão indo muito além do que foi [estabelecido como] obrigatório no leilão das frequências". Nesse sentido, Fábio Faria citou o caso da cidade de São Paulo (onde foi realizado o evento), que já tem 1.500 antenas instaladas para o 5G, número bem superior às 370 que seriam obrigatórias para a liberação do sinal. Ao dimensionar o ritmo acelerado de instalação da infraestrutura, falou na chance de que "o projetado para 2025 ocorra até 2023" em algumas regiões, conforme registrou o Estado de S.Paulo.
Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, João Pessoa e São Paulo já contam com a cobertura ativa e brevemente o 5G deve chegar também a Salvador, Goiânia, Curitiba e Rio de Janeiro, conforme indicado pelas companhias à agência reguladora.
A chegada do sinal não significa oferta efetiva do 5G, mas um momento anterior a ela. Também conforme previsão editalícia, as operadoras têm até o final de setembro para disponibilizar o 5G como produto aos seus consumidores nas capitais e no Distrito Federal. O cronograma de liberação do 5G foi dividido por metas a serem cumpridas pelas vencedoras do edital de concessão e se estende até 2029, quando se prevê que todos os 5.570 municípios do país terão cobertura no padrão mais elevado, o standalone ou "5G puro".
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