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O governo prevê que as operadoras iniciem a operação do 5G até julho de 2022, na modalidade stand alone (erguida do zero). As primeiras cidades a receberem a nova tecnologia serão as capitais dos estados. “É o padrão tecnológico mais avançado que temos”, disse o ministro das Comunicações, Fábio Faria, em entrevista coletiva sobre o edital de licitação de espectro de radiofrequências.
A previsão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) é que o edital seja lançado, no mais tardar, no final do primeiro semestre. Antes disso, ele precisa ser avaliado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Faria acredita que o processo de tramitação demore 60 dias. “É a maior oferta de espectro da história da agência
Mas outros locais, além das capitais, podem receber inicialmente as operações do 5G. O governo está conversando com operadoras e ministérios para ver onde poderiam ser instaladas. Ele citou que um dos locais que poderia receber seria o Instituto Tecnológico da Aeronáutica, em São José dos Campos (SP).
“O 4G veio para conectar as pessoas. O 5G, para as empresas. Isto vai promover um grande salto de qualidade, pois irá conectar toda a cadeia produtiva”, afirmou o ministro.
Um estudo feito pela consultoria PwC aponta que a implantação da tecnologia 5G no mundo tem o potencial de aumentar o PIB global em US$ 1,35 trilhões até 2030. “A tecnologia 5G vai possibilitar o acesso mais rápido às informações na indústria e possibilitar correções de rumo mais tempestivas”, exemplifica Ricardo Queiroz, líder do setor de tecnologia, mídia e telecomunicações da consultoria.
Manutenção de pontos polêmicos
A proposta de edital a ser encaminhada ao TCU manteve pontos que foram polêmicos durante a discussão na agência reguladora. Um deles é a rede stand alone. A TIM defendeu este modelo, enquanto Claro e Vivo queriam que a sua adoção não fosse imediata. O temor é de que sua adoção, logo na primeira fase de implantação, deixe o serviço mais caro.
“Era mais prático que houvesse uma mudança gradativa do 4G para o 5G. Aproveitaria melhor a infraestrutura existente”, diz Vivien Suruagy, presidente da Federação Nacional da Infraestrutura de Redes e Telecomunicações (Feninfra).
Outro ponto polêmico é a construção de uma rede de comunicações privativa para o governo, que seria móvel no Distrito Federal e fixa no restante do país. “É um modelo que é usado em países como os Estados Unidos e a Finlândia”, justifica o ministro. O valor do investimento é estimado em R$ 1 bilhão.
Vivien aponta que uma nova rede não resolve, por si só, problemas de segurança. “Isto pode ser conseguido com a aplicação de recursos de software e criptografia”, diz ela.
Outra questão que foi mantida e que chamou a atenção da Conexis Brasil Digital, entidade empresarial que representa as operadoras, foi a solução para as eventuais interferências do 5G nas parabólicas (TVRO).
A entidade apontou, no dia 10, quando houve audiência pública na Câmara para discutir o edital, que a proposta de edital da Anatel optou pela solução da migração dos serviços de TVRO da banda C para a banda KU, vai exigir mais investimentos e levar mais tempo que a solução de uso de filtros para a mitigação das interferências.
“A migração é R$ 3 bilhões mais cara que a mitigação e vai atrasar em dois anos o 5G. O que defendemos é que se adote uma solução mais rápida, mais barata e eficiente”, concluiu, na ocasião, o presidente da Conexis, Marcos Ferrari.
O relator do edital na Anatel, Carlos Baigorri, disse que as parabólicas atuais deixarão de funcionar. “Elas serão substituídas em um processo similar ao que aconteceu na substituição da TV analógica pela digital.”
O leilão vai exigir outras contrapartidas dos vencedores, como, por exemplo a implantação de fibra ótica no Norte e em regiões isoladas do Nordeste, a cobertura com 5G das rodovias federais e levar a internet a 14 mil localidades onde residam pelo menos 600 pessoas. “São medidas de inclusão social”, destaca Leonardo Euler de Morais, presidente da Anatel.