Greve: milhares de encomendas internacionais estão paradas no Afonso Pena
Desde que começou a greve de trabalhadores dos Correios, na semana passada, milhares de encomendas que seriam enviadas ou recebidas do exterior estão paradas no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). O Centro de Encomendas Especiais, que é responsável pela triagem das correspondências internacionais e de parte da linha Sedex (Sedex 10, Sedex 12 e Sedex Hoje), está completamente parado desde a última quarta-feira (18), segundo o Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom).
TRF4 suspende prazo de preparo de recursos durante greve
Por causa da greve dos bancários, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) suspendeu os prazos para preparo de recursos para a Justiça Federal. A suspensão vale de 19 de setembro até três dias depois do fim da greve (que não tem data para terminar). Depois disso, o pagamento das custas e taxas ligadas aos recursos desse período será feito de modo retroativo.
Negociação nos Correios
A negociação com os Correios, segundo Ferreira, está travada e a princípio vai acabar apenas com o julgamento de um dissídio coletivo, atualmente no Tribunal Superior do Trabalho. Ferreira, no entanto, acredita que a empresa tente uma contraproposta com os trabalhadores, já que o julgamento foi marcado apenas para o dia 14 de outubro. O dirigente garante que a greve continua por tempo indeterminado.
Negociação nos bancos
Os bancários estão em greve por tempo indeterminado desde quinta-feira, em protesto por melhoria salarial. A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) ofereceu reajuste de 6,1% à categoria, mas a proposta foi rejeitada na semana passada, já que os sindicatos exigem aumento de 11,93%, além de melhores condições de trabalho.
No sexto dia de paralisação, mais da metade das agências bancárias do Paraná estão fechadas. Segundo dados da Fetec-CUT-PR e da Federação dos Bancos do Paraná, 972 agências não abriram nesta terça-feira (24), o que representa 61% do total. A estimativa é que 19,2 mil bancários tenham aderido à paralisação sendo que a maioria (14,3 mil) só em Curitiba , segundo a Fetec-CUT-PR.
No fim da tarde desta terça, representantes dos grevistas fizeram ato em frente do Palácio Avenida (prédio do HSBC), no Centro de Curitiba, para prestar esclarecimentos às pessoas que passaram pelo local. "É importante que a população entenda e saiba o que está acontecendo conosco. Vamos explicar nossos motivos", diz o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Otávio Dias.
Ele avalia que o crescimento da greve cuja adesão quase dobrou desde o início, na semana passada, segundo os sindicatos se deve ao sentimento de insatisfação dos bancários. "Os bancários trabalham sempre com uma tensão muito grande. As condições de trabalho são ruins. E aí chega na hora de negociar com quem tanto lucra [os banqueiros] e nos tratam dessa forma, sem negociar", afirma Dias.
A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) fez uma proposta no início do mês, antes do começo da greve, que foi rejeitada pelos sindicatos. Na época, a Fenaban ofereceu reajuste de 6,1% à categoria. Os sindicatos reivindicam aumento de 11,93%, além de melhores condições de trabalho. Segundo os sindicatos, ainda não houve outro indicativo de negociação.
Por meio de nota, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que não há nenhuma rodada de negociação marcada. "A entidade aguarda posição do sindicado sobre a proposta global contendo reajuste salarial de 6,1%, que corrigirá salários, pisos e benefícios. Será mantida a mesma fórmula de participação nos lucros, com correção dos valores fixos e de tetos em 6,1%. Com isso, o piso salarial para bancários que exercem a função de caixa passará para R$ 2.182,36 para jornadas de seis horas. Entre outros benefícios, estão previstos reajuste do auxílio refeição, que sobe para R$ 22,77 por dia; a cesta alimentação passa para R$ 390,36 por mês, além da 13ª cesta no mesmo valor e auxílio-creche mensal de R$ 324,89 por filho até 6 anos", diz o texto.
Assembleia na quinta
Nesta quarta-feira (25), haverá assembleia no Centro Cultural do Sindicato dos Bancários (Rua Piquiri, 380), para avaliar o andamento da greve. Não haverá discussão sobre o fim da paralisação, que deve continuar pelo menos até que aconteça nova rodada de negociação.
Greves prejudicam clientes de bancos e dos Correios
A greve dos funcionários dos Correios e dos bancários prejudica os serviços prestados pelas empresas nesta terça-feira (24). A paralisação dos bancários fecha mais da metade das agências em Curitiba, com maior concentração na região central. Os trabalhadores dos Correios promovem piquetes em centros de distribuição e atrasam a entrega de correspondências e encomendas. As informações são dos respectivos sindicatos que representam as categorias.
Diretor do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná, Luiz Henrique Ferreira diz que, pelo menos, 10 caminhões com encomendas internacionais estão estacionados no Aeroporto Afonso Pena nesta terça. Ele cita que Centros de Distribuição Domiciliar, onde são organizadas as cartas, estão com o funcionamento prejudicado. Em igual situação, segundo ele, encontram-se parte dos Centros de Encomendas Especiais (CEEs), local de classificação de produtos a serem entregues.
Ferreira relata que não há agências dos Correios fechadas na capital paranaense, mas que, em algumas cidades do interior, há paralisação total. É o caso de Goioerê, de acordo com ele. "Continuamos desde o início, na quarta-feira, com a mesma estratégia do começo, tentando não ficar reunido apenas no prédio central. Nas contas do sindicato, temos 70% parado dos funcionários parados. A maioria é de carteiros e nossa estimativa é de que tenha 1 milhão de encomendas atrasadas. De cartas deve ter muito mais", disse Ferreira.
O dirigente não soube informar com exatidão quais CDDs e CEEs estão fechados. Ele reforçou que não há fechamento de portões e que os funcionários são apenas convencidos a não trabalhar. Segundo ele, foi assim que as encomendas internacionais ficaram completamente travadas no aeroporto, sem que ninguém fosse forçado.
A assessoria dos Correios não confirmou as informações e solicitou que os questionamentos sobre o caso fossem encaminhados por e-mail. O pedido oficial foi encaminhado às 10h50 e a reportagem aguarda retorno.
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