Com presença já confirmada da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do CEO do The New York Times, Arthur Sulzberger Jr., e do presidente do diário espanhol El País, Juan Luis Cebrián - entre outros -, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) prepara-se para abrir, em São Paulo, a sua 68.ª Assembleia Geral. Cerca de 600 jornalistas e empresários de comunicação de 34 países debaterão no Hotel Renaissance, de 12 a 16 de outubro, o presente e o futuro da profissão, transformando a cidade, por quatro dias, na capital do jornalismo nas Américas.
O encontro ocorre em tempos "muito inquietantes", resume o presidente da SIP, Milton Coleman. "Mais de 30 jornalistas do continente foram mortos desde o início de 2011, 8 deles no Brasil, sendo que 4 apenas este ano." E o cenário nos vizinhos não é muito diferente, prossegue Coleman - que é editor do The Washington Post. "Governos, que não existiriam se não fosse pela democracia, estão criando leis que a inviabilizam", adverte em um comunicado, reafirmando as posições assumidas durante seu mandato, nas quais cobrou continuamente abusos cometidos contra jornalistas por governos como os da Venezuela, do Equador, da Nicarágua, da Argentina.
É a quinta vez que a SIP faz sua assembleia no Brasil - as outras foram em 1954, 1975, 1981 e 1991. O comitê anfitrião é capitaneado pelo Grupo Estado e conta com os jornais A Tribuna, Correio Popular, Folha de S.Paulo, Gazeta do Povo, O Globo, O Popular, Zero Hora, pelos Diários Associados e pela Editora Abril. Bem maior do que naqueles encontros anteriores, a SIP reúne hoje 1.300 publicações que, juntas, distribuem 43 milhões de exemplares.
Nesse cenário de governantes autoritários, rápida evolução tecnológica e sérios desafios financeiros, a variedade dos temas está garantida. O diretor executivo da entidade, Julio Muñoz, prevê "uma exaustiva discussão" sobre assuntos como o tráfico de drogas e de armas; as leis da imprensa; a ética; a discriminação na concessão da publicidade oficial "e a expansão de um aparelho midiático estatal cujo fim é divulgar a 'versão oficial' dos fatos". Especialistas de internet, do mundo jurídico e de estratégias de mídia vão falar sobre a busca de um modelo sustentável de jornalismo; a propriedade intelectual em tempos digitais; a otimização das novas plataformas de trabalho. Como eixo condutor dos encontros, o Comitê de Liberdade de Imprensa passará a limpo, país por país, a situação do setor na América Latina.
Em uma das mesas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participará, com outros dois colegas, de um debate sobre liberdade de expressão e direito à informação. Em outras mesas deverão estar, como debatedores ou palestrantes, a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; Paul Steiger, da ONG Pro Publica de Nova York; Ken Doctor e Kelly McBride, analistas de mídia nos Estados Unidos - além de Caio Tulio Costa, professor de Jornalismo da ESPM, e Fernando Saguier, do jornal argentino La Nación. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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