Se as expectativas mais otimistas chegaram a considerar que o país sairia da recessão em 2017, os mais recentes indicadores econômicos demonstram que a recuperação da economia deve demorar mais para acontecer. Índices que medem o desempenho do varejo, indústria e serviços e que antecipam tendências mostram que o país ainda está em recessão. Nem mesmo o pacote anunciado pelo governo na semana passada para reanimar a economia empolgou o mercado, que avalia que as medidas só devem provocar algum efeito no longo prazo.
A produção industrial é um dos indicadores de demonstram que o Brasil ainda está em recessão. Em outubro, o setor caiu 7,3% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Foi a 32.ª queda consecutiva nesse tipo de comparação (mês atual x mês do ano anterior).
As vendas de papelão ondulado também tiveram queda. Em novembro, o indicador caiu 2,14% na comparação com o mesmo mês de 2015. O indicador é importante porque o material é usado para embalar produtos despachados pelas indústrias para as lojas. A queda nas vendas reflete um desaquecimento das encomendas.
Segundo o IBGE, a baixa confiança dos empresários e dos consumidores é um dos fatores que influência os resultados negativos do setor industrial e também de outros indicadores econômicos. Sem confiança, empresários seguram investimentos e consumidores diminuem o consumo, o que retrai a economia como um todo.
Um reflexo da baixa confiança é o índice de intenção de consumo das famílias. O índice ficou em 72,6 pontos em dezembro, o que significa que as famílias estão insatisfeitas com a situação atual. Quanto mais abaixo de 100 pontos, maior é a percepção de cenário econômico negativo. Ele também caiu 0,3% na comparação com o mesmo mês de 2015.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), o custo elevado do crédito e a perda do poder de compra, impulsionada pelo aumento no desemprego e pela queda na renda, vêm dificultando a retomada do consumo. O comportamento cauteloso do consumidor também deve perdurar enquanto não acontece uma recuperação do mercado de trabalho, avalia a CNC.
A cautela na hora de consumir acaba sendo percebida no dia a dia dos negócios, que acumulam quedas consecutivas em suas vendas. No varejo, as vendas caíram 8,2% em outubro na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Foi a pior queda nesse tipo de comparação desde o início da série histórica, iniciada em 2001.
Já as vendas setor de serviços, que engloba a maioria dos pequenos negócios, diminuíram 7,6% em outubro, a maior da série para o mês. A alta do desemprego, o endividamento das famílias e a baixa produção industrial são os fatores que contribuem para o baixo desempenho do setor.
Com a indústria, o varejo e o setor de serviços em queda, não se poderia esperar outro resultado senão uma queda no fluxo de veículos em estradas pedagiadas. Em novembro, a queda foi de 1,5%, o que significa que menos caminhões estão circulando pelas rodovias, assim como carros de pequeno porte.
Mas entre todos os indicadores negativos, o mais sentido pela população é o desemprego. A taxa alcançou 11,8% no trimestre encerrado em outubro, o maior valor desde o início da série, no 1.º trimestre de 2012.