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Conjuntura

A alegria do crédito durou pouco

Dilma Rousseff assumiu em janeiro de 2011 com o juro real em mais de 6% e a meta de levá-lo a 2%. A taxa hoje está na casa dos 4% | Ueslei Marcelino/Reuters
Dilma Rousseff assumiu em janeiro de 2011 com o juro real em mais de 6% e a meta de levá-lo a 2%. A taxa hoje está na casa dos 4% (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

A alta da taxa de juros anunciada na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), para 10% ao ano, parece ter colocado fim à breve era dos juros baixos no país. Depois de atingir a mínima histórica de 7,25% de outubro de 2012 a março desse ano e permanecer em um dígito por quase dois anos, a taxa voltou a subir e bater a casa dos dois dígitos. E, ao que tudo indica, vai continuar a aumentar em 2014.

Pelo menos três fatores pressionam os juros para o próximo ano. A alta dos preços, que apesar da alta das Selic, ainda não cedeu como o esperado, a tentativa do Banco Central recuperar a credibilidade em relação ao compromisso com o regime de metas de inflação e, por último, uma mudança de cenário global, com a recuperação dos Estados Unidos. Estimativas de mercado apontam para uma Selic de até 12% no fim de 2014.

Para Lucas Dezordi, pro­­­fessor da Universidade Positivo (UP), os juros devem permanecer elevados até 2015. "Não vejo a taxa Selic cedendo antes disso. A inflação permanece como desafio e o Banco Central deverá continuar a esfriar o consumo", diz.

Para 2014, novos fatores de pressão inflacionária devem surgir, como o aumento dos combustíveis e o reajuste dos preços administrados, além da influência do setor de serviços, cuja alta de preços continua acima dos demais.

Após ficar seis meses na mínima histórica de 7,25% ao ano, a Selic começou a ser ajustada em abril. Juros baixos eram uma das principais bandeiras políticas da presidente Dilma Rousseff, que assumiu em janeiro de 2011 com a ideia de levar o juro real para patamares civilizados de 2% até o fim do seu mandato. Com a alta para 10%, o Brasil volta a ter um dos maiores juros do mundo – com taxa real de 4%.

Para Marcelo Curado, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o país teria poucas chances de sustentar taxas de juros de primeiro mundo por muito tempo. "A queda de juros foi feita na marra, sem que a economia estivesse preparada para isso", afirma.

A alta dos juros obedece principalmente, segundo ele, a estratégia do Banco Central de recuperar a credibilidade em relação ao controle da inflação.

Nos últimos tempos, o Banco Central tem sido acusado, por membros do mercado financeiro e também por economistas, de ser leniente em relação ao regime de metas de inflação. "A meta de inflação subiu claramente do centro, de 4,5%, para 6,5%. E agora o BC tenta voltar a ganhar respeito do mercado", diz.

Para Dezordi, a economia brasileira dificilmente escapará da sina dos juros altos para combater a inflação se não fizer reformas importantes, como a redução da burocracia, o incentivo ao aumento da produtividade das empresas e melhorias de infraestrutura.

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