Cultivo de cebolas na Lapa, região metropolitana de Curitiba: produto liderou a alta entre os alimentos no mês passado, de acordo com os dados do IBGE| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Curitiba liderou alta nos transportes

Na contramão da média brasileira, o transporte curitibano ficou mais caro em março. Enquanto o índice nacional registrou leve queda, de 0,09%, este tipo de gasto em Curitiba apresentou alta de 0,34% na comparação com fevereiro. A alta foi a maior entre as onze cidades pesquisadas pelo IBGE.

"O reajuste na tarifa do transporte público de Curitiba e Região Me­tropolitana foi fundamental para este resultado em descompasso com o restante do país", afirma o economista da Inva Capital e coordenador do curso de Economia da Universidade Positivo, Lucas Dezordi. Em outras capitais, os prefeitos adiaram os reajustes. Os gastos com veículo próprio e ônibus intermunicipal também aumentaram de um mês para o outro.

Ao todo, o IPCA curitibano teve aumento de 0,34% em março e o grupo transportes foi responsável 26% deste crescimento, assim como as despesas com habitação. Assim como no restante do Brasil, o preço dos alimentos foi o principal item no avanço da inflação local, responsável por 41% da alta.

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A inflação medida pelo Ín­dice de Preços ao Con­sumidor Amplo (IPCA) ultrapassou o teto da meta estabelecida pelo Banco Central (BC). Nos últimos 12 meses, o índice ficou em 6,59%, aci­ma da margem máxima admitida pelo governo, de 6,5%. A alta aconteceu mesmo diante da desaceleração da variação mensal em março, quando subiu 0,47%, ante um crescimento de 0,6% em fevereiro, de acordo com os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Es­tatística (IBGE).

INFOGRÁFICO: Confira o índice da inflação nos últimos 12 meses

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Como vem acontecendo frequentemente nos últimos meses, os alimentos foram os maiores responsáveis pelo resultado. Em março, a alta registrada ficou em 1,14% frente a fevereiro. Com a alta, os alimentos corresponderam a 60% do aumento mensal. De acordo com a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes, mesmo puxando a alta, o avanço dos alimentos em março foi menos intenso do que em fevereiro. "O impacto foi reduzido de um mês para o outro", diz.

Para o economista-chefe da Inva Capital e coordenador do curso de Economia da Universidade Positivo, Lucas Dezordi, a demanda doméstica por alimentos e os problemas climáticos que afetaram alguns itens da cesta básica foram fundamentais para o aumento de 13,48% no preço da alimentação nos últimos doze meses. O reajuste de preço aconteceu mesmo com a desoneração de tributos da cesta básica. "É uma consequência básica. A produção não acompanhou a demanda interna e os preços subiram naturalmente", explica o economista.

No índice mensal de março, a cebola roubou do tomate o posto no topo do ranking de alimentos que mais subiram no mês. Comparado com fevereiro, o preço da cebola subiu 21,4%, a cenoura ficou 14,9% mais cara e o feijão teve alta de 9%. Logo depois, tomate e batata foram os produtos que mais subiram de preço, com crescimento de 6,1%.

Cadeia

Despesas pessoais (0,54%), com educação (0,56%) e habitação (0,51%) também ficaram acima da média mensal do IPCA. "As maiores altas foram registradas em produtos e serviços essenciais. Isso claramente vai influenciar nas renegociações salariais e, consequentemente, pressionar ainda mais a cadeia inflacionária. Alguma intervenção na política monetária terá de ser feita para que a escalada não continue nos próximos meses", explica Dezordi.

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Taxa elevada ameaça futuro dos juros

Com o IPCA ultrapassando o teto da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central, o mercado aposta em alta na Selic, taxa básica de juros, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, na semana que vem.

A alta na taxa de juros se­ria uma tentativa de frear o consumo e conter a pressão nos preços. "O resultado do IPCA de março pode até ter vindo um pouco abaixo do esperado, mas o resul­tado em 12 meses reforça a necessidade de o BC elevar a Selic. Quanto antes o BC der início ao aperto monetário, mais breve virão os impactos positivos à inflação", diz a economista Priscila Godoy, da consultoria Rosenberg & Associados.

O ex-diretor do Banco Cen­tral Sérgio Werlang defende uma alta de até 2% na Selic nos próximos 12 meses. Segundo ele, o objetivo seria reduzir a demanda por produtos e serviços. Segundo o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, o desejável é que a inflação fosse combatida com instrumentos como as desonerações e não com alta nos juros.

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