Uma discreta revolução na internet começou na última quinta-feira. Organizações agora podem começar a se candidatar para incluir e administrar seus próprios domínios na web, em vez de contar apenas com os velhos .com, .org, .gov e outros.
A expectativa é que até mil candidaturas sejam feitas para o ICANN, órgão que fiscaliza o sistema principal de nomeação de domínios na internet. A janela para adqurir um, digamos, imóvel virtual se fechará em três meses, provavelmente por anos.
Esta medida, a mais radical decisão do ICANN em seus 13 anos de história, é destinada a fomentar a competição e a inovação, permitindo que novos donos de domínios construam novas comunidades, fortaleçam laços com clientes e deem a eles mais poder.
"É um fascinante novo capítulo na história da internet", diz Jonathan Robinson, diretor não-executivo da Afilias, que está ajudando com as candidaturas e já fornece infraestrutura para os domínios .org, .info e .mobi. "Está abrindo novos fronts de ativos imobiliários na internet e isso traz oportunidades, mas também ameaças", acrescentou Robinson.
Líderes
A maior parte da primeira onda de candidaturas deve vir de empresas e marcas líderes, que veem uma oportunidade de impulsionar sua visibilidade on-line ou simplesmente temem que alguém fique com o espaço delas.
Com a necessidade de desembolsar US$ 185 mil dólares para se candidatar, com despesas iniciais de US$ 500 mil e com custos anuais de manutenção de US$ 100 mil, os domínios particulares estarão fora do alcance de pequenas companhias e organizações.
Mas aspirações pelo ".qualquernome" devem vir de cidades e regiões com fortes identidades, como .londres e .mumbai, de companhias que almejam construir um negócio baseado em novos domínios e de comunidades como .eco ou .gay.
Brasileiras
O advogado Rodrigo Azevedo, sócio titular da Área de Propriedade Intelectual e Direito da Tecnologia da Informação da Silveiro Advogados, está coordenando os esforços de algumas empresas brasileiras para conquistarem uma terminação. Ele não cita o nome das candidatas, mas afirma que, no país, ainda há muito desconhecimento sobre a resolução do ICANN, o que pode acabar prejudicando a presença de grandes marcas brasileiras na internet no futuro. "Quem se interessar tem que se mexer, porque só o processo de inscrição dura quase um mês, e a porta vai se fechar em 8 de abril. O grande risco é que grandes empresas que tenham nomes parecidos acabem perdendo o endereço da sua marca para uma outra companhia, e fiquem relegadas a um segundo plano na internet", afirma ele.