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Preços

A culpa não é só do tomate

A batata subiu quase 25% e o tomate, 15%. Mas outros 322 itens também ficaram mais caros. | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
A batata subiu quase 25% e o tomate, 15%. Mas outros 322 itens também ficaram mais caros. (Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo)

A culpa não é só do tomate, nem da batata, tampouco da gasolina. A inflação brasileira, que fechou 2013 em 5,91%, não tem um vilão em especial, mas vários: 58% dos produtos e serviços pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a composição do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiram acima da média geral ao longo do ano. É a proporção mais alta desde que o levantamento nacional de preços adotou a atual metodologia, em 2006.

O ano que passou também registrou o maior número de aumentos de preços dos últimos tempos. Dos 365 itens pesquisados pelo instituto, 324 ficaram mais caros ao longo de 2013, um total de 89%.

Os números descartam qualquer tese de que o alto índice de inflação é sazonal. Eles refletem, na verdade, uma alta generalizada dos preços. Segundo o economista Marcelo Curado, professor da Universidade Federal do Paraná, a dispersão dificulta o controle da inflação por parte do Banco Central. "Quanto mais itens sobem de preço, mais difícil controlar a inflação com a política de juros", explica.

A política monetária tem sido a principal tentativa do governo federal para a contenção do IPCA. Nos últimos doze meses, a taxa básica de juros definida pelo BC saltou de 7,25% para 10,5% ao ano.

Ao aumentar os juros, o Banco Central tenta inibir o consumo e, por consequência, os preços, mas a ação tem seus limites. "O impacto não é imediato, e a medida tem influência em alguns segmentos apenas, como os produtos e serviços oferecidos pelas médias e pequenas empresas, principalmente", diz Curado.

Sem alternativa

Além de tornar a inflação mais persistente, a abrangência da alta de preços também diminui as alternativas dos consumidores. "Como é uma alta estrutural e distribuída, o consumidor não tem como encontrar produtos similares para diminuir o impacto desse crescimento", afirma o coordenador do curso de Economia da Universidade Positivo, Lucas Dezordi.

O fenômeno, crescente nos últimos anos, deve persistir em 2014. Desta vez, o câmbio deve pressionar os preços de um grupo considerável de produtos. Segundo Dezordi, as commodities compõem boa parte do IPCA, e seus preços são definidos internacionalmente. Com a alta do dólar, seus valores ao consumidor se mantêm altos. "Isso afeta não somente o preço desses itens diretamente, mas também o valor da carne vermelha, do frango, do leite e uma série de outros produtos", completa.

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