Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Opinião

A encolhida do Paraná

Um exame atento das estatísticas das contas regionais do Brasil relativas ao período 2002-2008, divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geo­­grafia e Estatística (IBGE), confirma a pressuposição de que a economia paranaense não acompanhou, de forma plena, o ciclo de recuperação do crescimento, registrado pelo país, em linha com a fase de maior expansão da economia mundial desde a Segunda Guerra Mundial e com a impulsão do consumo doméstico, movida a salários e crédito, especialmente a partir do fim de 2005.

No fim das contas, a participação do estado na formação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro declinou de 6,4% em 2003 para 5,9% em 2008, preservando o quinto lugar no ranking brasileiro, mas ficando atrás do Rio Grande do Sul (6,6%). Em paralelo, os níveis de produção e negócios cresceram 27,9% no país e 24,6% no Paraná en­­tre 2002 e 2008, tendo o estado exibido a sexta pior performance do Brasil, superando apenas Santa Catarina, Alagoas, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Não há como deixar de enxergar flagrante perda de dinamismo econômico do estado, que pode ser imputada à mistura entre constrangimentos de natureza técnica e política. Esses podem ser sintetizados na crise vivida pelo agronegócio, particularmente no intervalo 2004-2006, incluindo três estiagens, endividamento e inadimplência dos produtores, problemas fitossanitários, atraso cambial, ausência de política agrícola adequada e injunções de mercado.

O reduzido vigor econômico do Paraná também repousa na compressão das vantagens competitivas do estado, tanto para o funcionamento do parque produtivo já instalado quanto para a atração de novas empresas. Tal fato decorre da deterioração da infraestrutura, da relação conflituosa entre agentes públicos e privados por aqui atuantes e da tímida presença e influência política do Paraná na órbita federal, apesar da ocupação das pastas da Agricultura e do Planejamento.

Nessa perspectiva, de acordo com cálculos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), apenas 20 cidades paranaenses, 5% do total, possuem Índice de De­­senvolvimento Municipal (proxy do Índice de Desen­­volvi­­mento Humano – IDH) superiores a 0,8 (considerado de elevado desenvolvimento), contra 142 paulistas, ou 22%, 17 catarinenses (5,8%) e nove fluminenses (9,8%).

A reversão dessa tendência estrutural de diminuto fôlego econômico exigirá a restauração de uma vontade de crescimento, por parte dos agentes sociais do estado, e da preparação e aplicação de mecanismos e instituições capazes de viabilizá-la.

Gilmar Mendes Lourenço, economista, coordenador do curso de Economia da FAE e autor do livro Conjuntura Econômica: Modelo de Compreensão para Executivos.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.