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O dólar encerrou esta quarta-feira (27) cotado a R$ 5,912 após atingir a máxima de R$ 5,9288 ao longo do dia. O principal fator que influenciou na desvalorização do real foi o anúncio do governo de que ampliará a isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) para quem ganha até R$ 5 mil, diante dos atuais R$ 2.259,20.
A ampliação da faixa de isenção do IR era uma promessa de campanha do presidente Lula (PT) e deve ser acompanhada de maior tributação sobre os mais ricos, buscando manter a arrecadação equilibrada.
A medida gerou forte reação negativa no mercado, minando a confiança nos esforços fiscais do governo e pressionando os ativos domésticos. Investidores avaliaram que a medida jogaria água em uma recuperação do real.
A alta de 1,80% levou a moeda americana ao maior valor nominal (já descontada a inflação) desde a criação do real, ficando próxima do recorde histórico de R$ 5,9007 registrado em 13 de maio de 2020, no começo da pandemia de Covid-19. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores (B3), fechou em baixa de 1,46%, a 128.030 pontos.
A desvalorização do real, que acumula queda de 16,8% no ano, é uma das maiores da América Latina, atrás apenas do peso argentino, aponta a Quantum Finance, provedora de informações financeiras.
Além do dólar, os juros futuros também registraram alta: o DI de janeiro de 2026 subiu de 13,28% para 13,53%; o de janeiro de 2027, de 13,335% para 13,64%; e o de janeiro de 2029, de 13,08% para 13,475%.
Horas antes, o governo confirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fará um pronunciamento oficial às 20h30 para detalhar a medida e explicar o aguardado pacote de corte de gastos, que é esperado desde o segundo turno das eleições municipais.
O governo aposta na ampliação do IR como forma de mitigar críticas ao impacto social do pacote de ajuste fiscal, que deve incluir mudanças em benefícios como o benefício de prestação continuada (BPC) e o abono salarial, além de ajustes no sistema de proteção social das Forças Armadas e no piso constitucional da educação.
Cálculos do think tank Centro de Liderança Pública (CLP) indicam que a economia gerada pela idade mínima de 55 anos tende a ser pequena, de R$ 12 milhões em 2025. A contribuição para a saúde, por sua vez, pode gerar arrecadação de R$ 2 bilhões.
Outra medida possível é a extinção da "morte ficta", situação em que familiares recebem pensão de um militar expulso por crime ou infração grave, como se ele tivesse morrido. O benefício, nesse caso, seria substituído por uma espécie de auxílio-reclusão.