A resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que obriga os cerca de 43 milhões de veículos do país a instalar uma etiqueta eletrônica para "facilitar a localização de carros, caminhões e motocicletas roubados, verificar sua regularização quanto ao pagamento de impostos e melhorar o gerenciamento de trânsito" suscitou um debate em torno da tecnologia RFID (Radio Frequency Identification, ou identificação por radiofreqüência). Pouco conhecido até então, o sistema já integra praças de pedágio, empresas de logística e de transporte público. Por isso, as e-tags, como também são conhecidas essas etiquetas, já são usadas por milhares de pessoas, mesmo que elas nem percebam.
A etiqueta eletrônica já é usada pelas redes de distribuição da indústria e do varejo. A gigante norte-americana Wal-Mart, por exemplo, exigiu que seus principais fornecedores adotassem o sistema em seus produtos. Na Alemanha, a varejista Metro abriu uma loja experimental que utiliza essa tecnologia. A Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador de remédios e alimentos nos Estados Unidos, determinou que todos os frascos de medicamentos deverão ter etiquetas eletrônicas até 2007. Por tudo isso, ela é considerada por profissionais da tecnologia como a sucessora do bom e velho código de barras.
A e-tag pode ter diversas formas. Como uma minúscula cápsula de vidro do tamanho de um grão de arroz, ela pode ser injetada sob a pele de uma pessoa que teme ser seqüestrada. Por mais surpreendente que isso pareça, algumas famílias brasileiras já usam esse chip subcutâneo, que usa a tecnologia de localização por satélite. A etiqueta eletrônica também pode ter formato de brinco, que é pendurado na orelha de bois e vacas. Desta forma, fica mais fácil fazer o controle do gado. No momento da pesagem, por exemplo, é feita a leitura da identidade que está gravada no "brinco" do animal. Assim, as informações ficam associadas automaticamente no sistema, diminuindo a possibilidade de erro humano.
O sistema de pedágio automático implantado na BR-277 que liga Curitiba a Paranaguá é um exemplo de aplicação da etiqueta eletrônica. O dispositivo que é instalado no carro emite sinais por ondas de rádio, que são captadas pela antena do pedágio. Automaticamente, o sistema identifica o carro e abre a cancela. A informação sobre o carro vai para os computadores da concessionária que irá fazer a cobrança do pedágio posteriormente.
A curitibana TAI (Tecnologia em Automação Inteligente) lançou um serviço de abastecimento por RFID para grandes frotistas. Com um chip instalado na boca do tanque de combustível de caminhões e outro no bico da bomba, o sistema automático identifica a placa do veículo e o volume abastecido. As informações são repassadas para os computadores da transportadora, o que permite mais controle financeiro e menor risco de fraudes ou desperdícios.