A plataforma de cloud mais utilizada em todo o mundo, a Amazon Web Services (mais popularmente conhecida pela sigla, AWS) abriu 2019 reunindo bilhões. Com crescimento global de 41% no período, os serviços de tecnologia da informação disponibilizados em nuvem foram os principais responsáveis por alavancar resultados: representaram 13% de toda a receita da Amazon, mais de US$ 7,5 bilhões dos quase US$ 60 bilhões registrados pela companhia entre janeiro e março.
A cifra é global e representa milhões de clientes da AWS em todo o mundo. Deles, dezenas de milhares são latino americanos e a partir daqui pouco é delineado pela empresa. A AWS não abre números locais, mas um evento nacional realizado em São Paulo permite tatear a dimensão dos negócios da companhia no país. Foram 22 mil inscrições e 8.500 participantes simultâneos para acompanhar sessões sobre experiências de sucesso e a aplicabilidade das soluções oferecidas pelo braço em cloud da Amazon.
A oitava edição brasileira do AWS Summit foi aberta com afirmações sobre a importância local para os negócios da companhia. No palco, o vice-presidente de vendas para a América Latina, Greg Pearsons, afirmou que a região "tem papel pivotante nesse momento da nuvem, mais especificamente o Brasil, com muitas grandes companhias e marcas que estão movendo suas operações para a nuvem". Além da aposta na transformação digital, Pearsons também destacou os nativos da nuvem, como o Nubank, fintech brasileira que figura entre os dez maiores bancos digitais do mundo, o maior fora da Ásia.
O franco avanço do ecossistema no país (percebido, entre outros fatores, pela consolidação de empresas inovadoras de base tecnológica, inclusive com a chegada de quase uma dezena ao nível de unicórnio nos anos recentes) explica o interesse da AWS no país, conforme country manager da AWS do Brasil, Cleber Morais.
"O Brasil é visto como ambiente estratégico para o avanço da inovação e da aplicação de novas soluções nos negócios [...] caracterizado por diversos polos de inovação [como Curitiba, Minas, Recife]. O cenário é favorável não só aos empreendedores que já começam nesse meio, mas também à transformação digital e "o cloud é grande viabilizador de tudo isso", avalia o executivo: "é um movimento que anda em paralelo, a gente inova na tecnologia, os nossos clientes utilizam esse serviço como diferencial competitivo para inovar; é um ganha-ganha", conclui.
Apesar de confirmar que o Brasil está no roadmap e falar em manutenção de investimentos no país (iniciados em 2011, com a chegada da empresa ao Brasil), não há informações sobre as cifras ou os planos de expansão da estrutura local, como a possibilidade de ampliação de infraestrutura e de equipes de suporte ao cliente.
O caminho é digital
No mercado há 13 anos, a AWS é uma grande caixa de ferramentas virtual que pode ser utilizada conforme a demanda do cliente para a construção de novos serviços e o desenvolvimento de aplicações. Com mais de 165 features de computação, armazenamento, analytics, segurança, inteligência artificial, machine learning, tem como parceiros uma miríade de negócios, de pequenas companhias locais à NASA, mas chama a atenção o segmento financeiro.
De bancos tradicionais a fintechs, os serviços em nuvem são aplicados para o ganho de escala e agilidade, além de reduções de custo, por dispensar a aquisição/manutenção de estruturas altamente caras, como datacenters. Com o ganho de flexibilidade, a nuvem deve ser essencial para o esperado movimento de open banking.
Com bagagem de 20 anos no mercado financeiro tradicional, a CTO e co-fundadora da Pismo, Daniela Binatti, avalia que a transição não é escolha: "o caminho, a saída das infraestruturas para uma solução em nuvem pública está dada, não é [uma questão de] o que, é quando, quanto é que você vai, porque é assim que funciona", sentencia. A plataforma de meios de pagamentos nasceu há três anos, já voltada às possibilidades de compartilhamento de informações, a partir do entendimento de que os dados pertencem aos clientes e não à prestadora de serviço financeiro.
Parceira da AWS, a Pismo já nasceu na nuvem, mas negócios mais tradicionais já buscam soluções para se alinhar aos avanços do mercado. O Banco Fibra (que opera basicamente mercado corporate, agronegócios e empresas que faturam acima de R$ 30 milhões) levou um ano para deixar o on premise e migrar 100% para cloud. Foi um movimento que abriu possibilidades de negócios e deu as bases para os oportunidades da nuvem, como o próprio cenário de open banking.
Sobre as oportunidades do open banking, o country manager da AWS do Brasil Cleber Morais reforça que é um movimento que vem dentro do contexto de alta performance, habilitado e democratizado pela nuvem.
*A jornalista cobriu o evento a convite da AWS.