Com a demanda crescente de empresas por desenvolver em seus colaboradores em aspectos comportamentais, a coach e consultora de carreira Waleska Farias percebeu a necessidade de ajudar líderes a desenvolver seu aspecto humano para conquistar resultados sustentáveis junto a suas equipes. A partir disso, lançou um livro que, mais que abordar o conceito de liderança, aponta caminhos para o autoconhecimento e o desenvolvimento de habilidades humanas que contribuem para um desenvolvimento eficaz dos profissionais. Em Curitiba para o lançamento do livro “O Líder Integral - Porque o bom ser humano precede o bom líder”, na última terça-feira, a autora falou à Gazeta do Povo sobre seu conceito de liderança e os desafios das empresas na gestão de pessoas:
Como você chegou ao conceito de líder integral?
Vejo nas empresas a necessidade de reconhecer a condição humana como principio básico do desenvolvimento de colaboradores. Comecei a perceber que o que distancia as pessoas de um padrão de excelência de liderança é o fato de não estarem por inteiro em sua profissão. Quando você pega um crachá, quem você é em essência vai junto, e quanto mais você tem suas expectativas e propósitos pessoais atendidos na empresa, mais inteiro se sente e melhor você desenvolve uma liderança mais humana. Por isso o nome líder integral. Se eu estou inteiro, vou conseguir olhar pra o colaborador incluindo as necessidades e expectativas dele na minha realidade.
Como é possível se tornar um líder integral?
As pessoas já tem como condição inata algumas habilidades e talentos. Mas outras podem sim ser desenvolvidas a partir de um trabalho de autoconhecimento para perceber lacunas e visualizar pontos de melhoria. É preciso desenvolver habilidades e competências que falem com a sua essência, seu propósito. A liderança nada mais é que perceber quais são as necessidades e talentos das outras pessoas, as expectativas delas para que possam ser desenvolvidas na medida em que esperam. Ninguém quer uma empresa que não oferece uma visão alinhada a seus objetivos. Pessoas felizes são mais produtivas.
As empresas já despertaram para a importância desse desenvolvimento pessoal?
Grandes líderes, empresários e estudiosos têm enfatizado que o progresso das empresas está pautado no investimento em capital humano. Vemos um movimento de humanizando da gestão, as empresas estão tentando entender o que o profissional precisa ter como condição de trabalho para que se sinta motivado. Se as pessoas estão engajadas, estão felizes, e se estão felizes, produzem melhor.
No livro, você fala muito em exemplo. Qual é a importância deste conceito na atuação do líder?
A liderança não é um título ou uma posição. Ela fala da disposição de alguém que, por meio do exemplo, exerce influência sobre as pessoas, por se dispor a desenvolvê-las. A partir dessa referência o líder conquista a admiração e o respeito das pessoas, que passam a segui-lo por opção e não obrigação. Mais do que críticas, os profissionais precisam de bons modelos de referência. Como você pode dizer que está inteiro numa condição profissional se você não é íntegro em relação ao que diz e ao que de fato faz?
Existe algum tabu que precisa ser quebrado para dar espaço a esse desenvolvimento integral?
O medo de expor aquilo que se precisa melhorar. Vemos pessoas que só querem mostrar seu lado positivo, seus resultados e acertos. É preciso quebrar isso. Não é porque você tem gaps a serem trabalhados que vai ser diminuído. É tão bonito ver uma pessoa que tem dificuldade se dispor a trabalhar isso para chegar a um padrão de excelência. O líder integral mostra que é humano, que também precisa melhorar e, assim, conquista a admiração das pessoas ao seu redor, todo mundo vai querer se melhorar e chegar a uma condição de trabalho conjunto. Isso acaba com a competição, a puxação de tapete e outras coisas que dificultam a construção de equipes de alto desempenho.
Quais são as consequências da escolha equivocada de um profissional para uma posição de liderança?
Desastrosas. Quando um líder não está preparado pra trabalhar o plano de desenvolvimento dos colaboradores, a liderança se torna autocrática. É o famoso programa G.A., “Goela Abaixo”. Manda quem pode e obedece quem tem juízo. E já sabemos que isso no longo prazo não se sustenta.
Qual é o maior desafio dos líderes e empresas nesse sentido?
Vejo que faltam líderes, sobram vagas e perdem-se pessoas pela falta de disponibilidade em lidar com elas. Nós ganhamos a vida com o que recebemos, mas construímos a vida com aquilo que doamos. É preciso que o líder veja muito além do título ou da recompensa salarial, a necessidade de se disponibilizar àqueles que se dispôs a liderar. A gestão de pessoas é o maior desafio do líder e deve ser a ação mais consistente da empresa. São pessoas que constroem resultados.
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