O que se sabe sobre os loucos? Sabe-se, por exemplo, que a loucura traz, entre outras características, a incerteza comportamental. Por isso, a inconstância passou a ser um foco de estudo para entender como a personalidade de um indivíduo reage a diferentes fatores motivacionais.

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Em alguns casos específicos, o indivíduo começa a ter visões. Essas visões começam a persegui-lo até o ponto de se tornarem ideias fixas. Com isso, se materializam em um transtorno de obsessão, alucinação, disfunção e insônia. O mais preocupante é o momento em que as pessoas ao seu redor não conseguem dividir as mesmas experiências e acreditam que tal comportamento é resultado de divagações.

Toda essa postura é resultante da reação que um indivíduo tem em relação a um fator motivacional que o tira do equilíbrio e estimula e motiva uma ação. E, neste aspecto, a personalidade é fator determinante, afinal, todos reagimos de forma diferente, mesmo que expostos ao mesmo estímulo!

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Em teoria, tudo isso seria banal se estivéssemos tratando de um esquizofrênico, por exemplo, mas estou falando de empreendedores.

O empreendedor é aquele indivíduo que vislumbra uma oportunidade (visão), acredita fortemente em sua intuição (ideia fixa), alimenta a imaginação (materializa a visão) e, na maioria das vezes, é chamado de louco por outras pessoas, que não conseguem ter a mesma convicção sobre uma determinada oportunidade.

A insônia é justificada pelo fator motivacional, a ideia, que faz do cérebro um turbilhão de expectativas. Ou seja, de empreendedor e louco, todo mundo tem um pouco! Esta frase resume o que muitos livros, cartilhas ou best sellers chamam de comportamento empreendedor. Descartando estereótipos, o empreendedor possui sim, um tipo de loucura... Isso se deve ao fato de que, geralmente, não teme correr riscos, porque não tem medo de errar e, só quem está preparado para errar, corre o risco de ter uma ideia original.

Fugir de padrões, assim como os loucos convencionais, faz dos empreendedores pessoas criativas. Isso lhes dá maior poder de quebrar paradigmas, reformular experiências, entender e sobreviver ao caos, criar questionamentos para preencher lacunas e, não menos importante, gerar negócios, a fim de mudar o comportamento de indivíduos frente a um mercado. Sendo isso o que alguns denominam inovação.

Ao potencializar a sua inovação e aplicar a um determinado negócio, o empreendedor entende rapidamente as demandas de um novo contexto e, segundo a teoria da seleção natural de Darwin, dificilmente irá se extinguir ou regredir na cadeia de valor. Isso se chama adaptabilidade. Misturando essa adaptabilidade à inovação e à loucura empreendedora, pode-se constatar uma revolução capaz de atingir um número cada vez maior de pessoas, que se interligam por meio de informações livres, fragmentadas e sem filtros.

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E, num poder invencível de colaboração, comunicam-se entre si fortalecendo um conceito antigo de viver em redes – não desmerecendo as atuais e famosas redes sociais virtuais, estamos falando basicamente de família, relacionamento, mercado, networking, negócio, comercialização, satisfação, sustentabilidade, rentabilidade e, por que não, likes e shares entre indivíduos.

Somos parte de um mundo que possui instrumentos e espaços pessoais, porém não privados, colaborativos e conectados, mergulhado no digital e incansavelmente móvel. Este "cenário-liquidificador" é um prato cheio para ter ideias e enlouquecer ao ponto de desenvolver a "empreenzofrenia", que corresponde ao surto empreendedor. Mas cuidado! A ideia enlouquece e apaixona. Vale lembrar que é preciso uma pitada racional, um tratamento que mostre o caminho para transformar a ideia em negócio. Portanto, empreendedores, bom tratamento!

* O autor é professor e empreendedor, bicampeão do Prêmio Educação Empreendedora (Endeavor/Sebrae) e autor do e-book C.H.O.Q.U.E.: Tratamento para o Surto Empreendedor.Veja mais conteúdos sobre empreendedorismo no site da Endeavor (www.endeavor.org.br)