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Política

A marca do prefeito do 11 de setembro

“Mais do que por marketing, o Giuliani é uma referência porque a cidade precisava o que ele prometeu e realmente fez. Polêmica faz parte dos bons governantes. Governar não é atender a interesses, mas fazer o que precisa ser feito.”
Cila Schulman, estrategista de campanhas políticas | Fotos: Arquivo
“Mais do que por marketing, o Giuliani é uma referência porque a cidade precisava o que ele prometeu e realmente fez. Polêmica faz parte dos bons governantes. Governar não é atender a interesses, mas fazer o que precisa ser feito.” Cila Schulman, estrategista de campanhas políticas (Foto: Fotos: Arquivo)
Giuliani: tolerância zero foi uma de suas políticas mais marcantes |

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Giuliani: tolerância zero foi uma de suas políticas mais marcantes

Em oito anos à frente da prefeitura de Nova Iorque, Rudolph Giuliani ganhou fama de petulante, estourado e arrogante. Mas também soube fazer de seu governo uma referência em segurança pú­­blica e tornou-se um ícone mundial depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 – a ponto de ser chamado de "prefeito dos Estados Unidos". Poucos meses depois da queda das torres gêmeas, no fim do seu segundo mandato, ele fundou a consultoria Giuliani Partners, líder em gestão de crises, escreveu uma autobiografia que foi um dos livros mais vendidos no mundo em 2002 e, até hoje, roda o planeta fazendo palestras sobre liderança e gestão de conflitos.No dia 30 ele chega a Curitiba para ser a estrela principal do Fórum de Marketing 2009, promovido pela Universidade Positivo. Promotor, formado em Direito pela Universidade de Nova Iorque, Giuliani foi eleito prefeito da mais famosa cidade norte-americana em 1993 e ficou no cargo por dois mandatos (até 2001). Ganhou popularidade com suas medidas rigorosas de combate à violência que reduziram a criminalidade da cidade em 65% e o número de assassinatos em 70%. A postura "tolerância zero", de flanelinhas a mafiosos, transformou a Big Apple em uma cidades mais seguras dos EUA.

O polêmico "Rudy" também diminuiu em cerca de 60% o número de beneficiários da Previdência (eliminando da lista pobres e desempregados que recebiam ajuda do governo por falta de alternativa), promoveu a redução de impostos em 23 ocasiões – algo em torno de US$ 2,3 bilhões – e foi responsável pela criação de 450 mil empregos no setor privado. Só não conseguiu a presidência do país – por falta de apoio, desistiu da disputa de 2008 ainda nas prévias do Partido Republicano.

"Mais do que por marketing, o Giuliani é uma referência porque a cidade precisava o que ele prometeu e realmente fez", resume a estrategista de campanhas políticas Cila Schulman. "Polêmica faz parte dos bons governantes. Governar não é atender a interesses, mas fazer o que precisa ser feito."

11 de setembro

Mas a popularidade desse republicano – ex-democrata – deve-se em grande parte à sua postura diante da maior tragédia da história do país. Caminhando pelos escombros das torres gêmeas, Giuliani não fez nada de extraordinário, mas algo realmente importante: não se se escondeu. O então prefeito tomava café da manhã em um hotel quando recebeu a notícia de que um avião havia atingido o World Trade Center. Correu para o local e, ao dar uma volta no quarteirão, viu as pessoas saltando das torres.

Ele mesmo considera os atentados como "o pior e o melhor momento" da sua vida. Mas diz que prefere ver o lado positivo da situação, e considera o episódio como um marco em termos de resistência, reação e solidariedade. "De certa forma, ele conseguiu reverter o que seria uma tragédia não só física, porque aquele momento representava o Ocidente caindo, em algo positivo. Teve sabedoria para chamar o cidadão novaiorquino à responsabilidade: Que imagem vamos projetar sobre nós mesmos?" avalia a professora e coordenadora do curso de marketing da Universidade Positivo, Deise Bautzer, autora do livro Marketing das Cidades - Construção de Imagem, Identidade e Futuro, que será lançado em dezembro.

Não só no momento da tragédia, mas ao longo de seus dois mandatos, a grande sacada de Giuliani na opinião de Deise foi ter conseguido fazer com que o cidadão se envolvesse no processo de gestão. "Do ponto de vista das políticas públicas, as pessoas deixaram de se enxergar como clientes e perceberam que são parte integrante do processo. Ele conseguiu algo que aqui ainda estamos trabalhando enormemente para conquistar: desenvolver a relação das pessoas com a cidade", diz. "E fez isso com ferramentas eficientes de gestão pública. Certamente não adiantaria se ficasse apenas no discurso, sem uma ação de fato."

Brasil

Para a professora, o Brasil ainda não tem exemplos nesse sentido, mas já há o entendimento por parte dos governantes da importância de promover essa identidade da população com a sua cidade. A explicação para o "atraso", acredita Deise, está na defasagem dos mecanismos brasileiros de gestão pública. "Nossas ferramentas legislativas e judiciárias ainda são muito engessadas e as iniciativas, muito incipientes. Não conseguimos fazer com que realmente aconteça o que é pensado."

Lerner

Quem mais se aproximou desse modelo, acredita a professora, foi Jaime Lerner, quando esteve à frente da prefeitura de Curitiba. "Ele conseguiu uma posição de referência como pensador do espaço urbano. No entanto, não como modelo de gestão pública. E isso não é culpa dele, mas da nossa defasagem dos instrumentos."

Cila Schulman também diz que é possível comparar a atuação dos governantes, embora tenham perfis pessoais completamente diferentes. "Do ponto de vista do transporte público, sem dúvida o Lerner também é uma referência citada em outras campanhas e faz palestras inclusive para o setor privado", diz. "Mas até por ser norte-americano, o Giuliani faz isso de uma maneira muito mais midiática."

Serviço: Mais informações sobre o evento em que Giuliani estará presente no site: http://www.forumdemarketingcuritiba.com.br/

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