Compre a passagem em março, viaje em agosto, prefira voos diretos e, mesmo que o passeio seja dentro do Brasil, tente adquirir o bilhete quando o dólar estiver em baixa. Essas são algumas dicas que o viajante pode tirar do "Estudo de preços das passagens aéreas em aeroportos paulistanos", o maior levantamento sobre o assunto no país, feito pelo Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA). Divulgado há pouco mais de uma semana, o estudo revela algumas peculiaridades desse mercado, que cresceu 18,5% de janeiro a setembro, em relação ao mesmo período de 2010.
O levantamento foi feito entre 2008 e 2010, a partir de 2 milhões de tarifas "garimpadas" pelo Núcleo de Economia dos Transportes (Nectar) na internet por meio de sites que consolidam buscas de diversas companhias, entre eles Decolar, Submarino Viagens e Buscapé Viagens. Embora os dados se concentrem em voos com partida nos dois aeroportos da cidade de São Paulo, a maior parte dos dados deve ser válida para outras praças. "O perfil do passageiro vai ser, basicamente, o mesmo", explica Humberto Bettini, pesquisador do Nectar.
Os resultados confirmam algumas tendências que já eram conhecidas dos viajantes e acrescentam insights que podem ser surpreendentes. Todos sabem, por exemplo, que é mais caro viajar em feriados a demanda por voos nessas datas é maior do quem em dias "normais". Mas pouca gente imaginava que viajar no feriado de Corpus Christi (data móvel que sempre cai numa quinta-feira, no fim de maio ou início de junho) pode ser tão caro quanto no Natal. Nos dois casos, os acréscimos em relação ao preço normal passam de 20%. Outras datas concorridas são Tiradentes (21 de abril) e o Ano Novo, além do feriado paulista de 9 de julho. Na média, voar em véspera de feriado custa 12% a mais.
Quem não viaja no feriado pode ficar em casa, comprando passagens pela internet. Comprar durante feriados custa, em média, 3,7% menos em feriados prolongados, cada dia adicional representa uma queda de 0,7% no preço. Segundo Bettini, a diferença está no tipo de consumidor que compra nessas datas. "Se o sistema da companhia aérea recebe um pedido de cotação na sexta-feira à tarde, por exemplo, ela presume que há uma grande chance de este ser um cliente corporativo, querendo comprar um bilhete para um funcionário. Mas, se o pedido vem num feriadão, quase com certeza trata-se de uma pessoa física", diz. "E a pessoa física é bem mais sensível a preço do que uma empresa, por isso o preço é menor."
Esconde-esconde
O pesquisador explica que os sistemas eletrônicos das empresas são muito dinâmicos, alterando a disponibilidade de tarifas ao longo do dia. O objetivo é obter uma configuração que seja mais lucrativa. Isso explica por que um passageiro pode não encontrar assentos promocionais num momento e achá-los dias depois. "Isso quer dizer que houve uma desistência em massa? Não, apenas significa que a companhia está brincando com os preços a fim de encontrar o passageiro certo para os seus interesses", diz Bettini.