Alexandre Malucelli não costuma desligar o celular corporativo nem quando está em viagem com a família. Até mesmo na fila para levar o filho em um brinquedo na Disney ele é capaz de mandar mensagens da empresa pelo blackberry. "Não dá para desligar. Não gosto de passar mais que dez dias de férias", diz ele, que terá de encarar uma rotina ainda mais puxada a partir de 2 de janeiro, quando assume a presidência do grupo J.Malucelli, um conglomerado que reúne 73 empresas, deve faturar R$ 2 bilhões em 2012 e emprega 4 mil pessoas.
Aos 43 anos, Alexandre assume o lugar do pai e fundador do grupo, Joel Malucelli, que passa a presidir o conselho de família. Formado em Administração pela Universidade Positivo, Alexandre, o mais velho de seis filhos, herdou o estilo negociador do pai e tem como missão fazer o grupo continuar a crescer 15% ao ano e entrar em novos ramos, como exploração de portos e aeroportos. O grupo também estuda a criação de uma empresa, em parceria com um grupo europeu, de produção de estruturas metálicas. Outra meta é expandir a seguradora do grupo, especializada em seguro garantia, para a América Latina, em 2013.
Você atuou principalmente na seguradora. O que muda agora que você assume a presidência do grupo?
A transição já vem sendo realizada há algum tempo. E a ideia é dar continuidade ao ritmo de crescimento e olhar novos negócios. Eu costumo dizer que somos um grupo sólido e com liquidez, o que nos abre várias oportunidades. A área de infraestrutura, em especial, tem nossa atenção. O setor de portos, por exemplo, já vem sendo mapeado pelo grupo há algum tempo. E também estudamos a criação de uma empresa, com um sócio europeu, para produzir estruturas metálicas para torres de transmissão. O setor de energia é um dos focos.
Como é administrar 73 empresas que atuam em áreas tão diferentes de banco e seguros a concessões de energia, rodovias, construção e comunicação, por exemplo?
O grupo sempre cresceu e abriu novos negócios com um propósito. Passamos a atuar no ramo de concessão de energia porque já construíamos as hidrelétricas, por exemplo. Nada foi aleatório. Uma coisa puxou a outra.
E como é dar conta de atividades tão distintas?
Dividimos o grupo em seis núcleos de atuação. Há sete anos criamos uma holding operacional, chamada de centro de serviços compartilhados, que centraliza áreas de recursos humanos, compras, TI, jurídico e de contabilidade. Com ela temos todo o backoffice de que precisamos e simplificamos até a entrada em novos negócios. A estrutura está sempre pronta. O grupo tem três holdings uma financeira, outra de infraestrutura e outra de comunicações.
A área financeira ainda é a principal atividade do grupo.
O Paraná Banco e a área de seguros respondem por metade dos negócios. Depois vêm construção e comércio com 30%. Os 20% restantes vêm das demais atividades.
Quais os planos para a seguradora e como está a parceria com a Travelers (a seguradora americana comprou 43,4% da seguradora J.Malucelli em 2010 e recentemente ampliou sua parte para 49,5%).
Vai muito bem, tanto que eles ampliaram a presença no capital da seguradora. A intenção é começar a operar com seguro garantia na América Latina em 2013. Estamos estudando vários mercados. Podemos fazer parcerias para iniciar uma nova empresa ou comprarmos participação de empresas locais. A intenção é entrar em mercados estáveis do ponto de vista jurídico e político e com crescimento. Isso exclui, por exemplo, Argentina, Venezuela e Bolívia.
Como é sua rotina de trabalho agora?
Ao contrário do meu pai, tenho por hábito viajar mais a trabalho. Fico entre São Paulo, Brasília e Rio. Ontem (última quinta-feira) estava no Rio em uma reunião com o BNDES. Poderia mandar um interlocutor, mas prefiro estar presente. Não costumo desligar o celular nem nas férias. Mas faço academia, jogo tênis, corro. Nas folgas vou para Florianópolis ou para uma fazenda da família no Uruguai.
O grupo cresceu com vários negócios, alguns deles com sócios e vários parceiros. Como é possível estabelecer um bom relacionamento?
Eu diria que é preciso ter transparência e um alinhamento de interesses. Antes de fechar o negócio, é preciso gastar tempo para entender a cabeça do parceiro e saber bem as regras do jogo.
Como é a relação com o governo Dilma Rousseff?
O governo federal está tentando acertar. Mas às vezes ele tem dificuldade em dialogar com o setor privado e medir o reflexo de suas ações. Isso com certeza tem um efeito sobre os investidores. Conosco é um pouco diferente, porque temos uma visão de longo prazo, mas esse é uma questão que pode atrapalhar investimentos.
Você acredita que a economia possa crescer 4% em 2013, depois de um ano de avanço baixo como 2012?
A "bala de prata" do consumo já se esgotou, isso está claro. Os juros também já estão baixos. Ou seja, a munição do governo está menor para garantir crescimento. A solução são os investimentos, mas eles não estão reagindo. O ano de 2013 tinha de entrar embalado para crescer 4% e não vai entrar nesse ritmo. Ao mesmo tempo, o governo está estimulando investimentos e financiamentos para a área de infraestrutura. Mas dificilmente teremos esse índice de crescimento.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião