Finalmente, após 12 anos de idas e vindas, a novela da tevê digital brasileira chegou ao fim. Ou não? Ou será que ela está apenas começando? Há razões de sobra para que a dúvida paire no ar. O padrão de tecnologia escolhido pelo Brasil é o japonês ISDB – que, segundo os especialistas, não apresenta a qualidade do padrão americano ATSC nem garante a interatividade do padrão europeu DVB, mas, por outro lado, é o mais flexível entre os três. Ou seja: não ganha nem perde quando quesitos técnicos são colocados na balança.

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Há aspectos positivos como a robustez do sinal e a boa recepção em aparelhos portáteis. Desde 1994, o governo brasileiro tentava optar pelo sistema que aceitasse melhor as inovações tecnológicas dos centros de pesquisa nacionais – requisito bem atendido pelo padrão japonês.

Os problemas surgem quando se constata que os conversores (as caixinhas que, instaladas em televisores domésticos, transformarão o sinal digital em imagens) ISDB são mais caros. Além disso, apenas o Japão adota o seu padrão – o que pode complicar exportações de fábricas brasileiras. Há quem diga que a indústria terá uma linha de montagem destinada ao mercado externo, com conversores ATSC e DVB – mas isso, sem dúvida, também gerará algum custo.

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Ao fim e ao cabo, a decisão do governo deve sair mais cara para o consumidor final. Pesou na escolha o compromisso japonês de instalar uma fábrica de chips no país. Mas, desde o ano passado, quando a disputa ficou apenas entre europeus e japoneses, as negociações ficaram tão sigilosas que o debate se perdeu – e a tal linha de produção ficou para ser "estudada".

Com a decisão, ganham as emissoras de tevê, pois o padrão japonês não afeta, a curto prazo, seu modelo de negócios. Ele afasta a sombra das telefônicas – que, em outro padrão, poderiam competir na produção de audiovisuais. O interesse público obtém algo de concreto sobre o assunto. Não é coisa pouca. É o fim da novela e o começo de outra (a da implantação e migração, que deve durar pelo menos mais 7 anos).