Uma casa de classe média inclui hoje, pelo menos, uma dezena de aparelhos eletrônicos. Do televisor ao microcomputador, do DVD player ao telefone celular, passando pelos cada vez mais presentes home theaters e tocadores de MP3, o ser humano passou a viver cercado de botões, chips e telas de cristal líquido. Pelo que se viu durante a Consumer Electronics Show (CES) 2006, o maior evento de eletroeletrônicos do mundo, que ocorreu em Las Vegas até a semana passada, a ordem agora é organizar e simplificar toda essa parafernália digital. A convergência de tecnologias termo que já havia se tornado um mantra entre os profissionais da área parece, enfim, ter engatado a segunda e mostrado seu resultado concreto: o "media center".
Nessas "centrais de entretenimento", tevê, videogame, telefone, sistemas de busca da internet e arquivos do computador poderão ser acessados a partir de um único terminal. Trata-se de uma idéia antiga, mas que ainda não havia ganhado força suficiente para que fabricantes e consumidores se interessassem pelo seu desenvolvimento. "A grande mensagem na CES sobre a convergência é que as barreiras técnicas, comerciais e políticas foram superadas", afirma Paulo Couto, fundador e diretor-geral do Fórum PCs (www.forumpcs.com.br), o maior espaço de discussão de tecnologias da internet brasileira.
A CES 2006 mostrou que a realidade é outra. Dos cinco principais palestrantes da feira, apenas um se ateve a mostrar que seu negócio continua sendo a fabricação dos bons e velhos eletroeletrônicos: Howard Stringer, o principal executivo da Sony. Os outros quatro "oráculos" Bill Gates, da Microsoft, Paul Otelini, da Intel, Terry Semel, do Yahoo!, e Larry Page, do Google deixaram claro que um equipamento ou serviço só é atraente hoje pela sua capacidade de se conectar, fundir e rodar os mais diversos tipos de conteúdo. Todos, sem exceção, buscam um domínio do mundo virtual sem precedentes em um movimento que já foi batizado de "onipresença digital". E ainda: se antes suas empresas atuavam em searas diferentes, hoje elas estão todas na mesma arena, disputando cada usuário.
O lançamento do pacote gratuito de softwares Google Pack, por exemplo, representa um grande passo da gigante de buscas no terreno da Microsoft. Seis dos programas nesse pacote são do próprio Google entre eles Google Earth, Screensaver, Desktop e Toolbar. Também estão disponíveis o navegador Firefox, o Adobe Reader 7 e o Norton Antivirus 2005 Special Edition (na versão de testes, que funciona por seis meses). "Por que não tornar o uso do PC mais divertido, simples e poderoso?", questionou Marissa Mayer, vice-presidente do Google. Além disso, a empresa de Larry Page também pode incomodar a Apple e sua iTunes Store com um serviço próprio de venda (e aluguel) de vídeos.
Já o Yahoo! anunciou um programa que vai permitir a seus 450 milhões de usuários que acessem seus e-mails, fotos digitais e outros serviços por meio da TV ou do celular. "A internet está se transformando em um instrumento de entrega de serviços", disse Marco Boerries, vice-presidente da empresa, em uma declaração que deixou bastante clara a vantagem do Yahoo! e do Google sobre os rivais: o fato de serem os portões de entrada da rede mundial.