Comprar eletrônicos pela metade do preço e cosméticos que não são vendidos por aqui está bem mais fácil. A variedade e os preços baixos popularizaram os sites de fora que entregam no Brasil. Os consumidores que aderiram ao comércio internacional virtual recomendam a prática. Para aproveitar bem as oportunidades, basta saber escolher as lojas confiáveis e entender a tributação das importações.
O aumento da popularidade das compras virtuais internacionais é consequência do crescimento do comércio on-line brasileiro. Em 2011, o e-commerce movimentou R$ 18 bilhões. Para este ano, a estimativa da consultoria especializada em comércio eletrônico GS&Virtual é de que o mercado chegue aos R$ 24 bilhões. "Não existem dados oficiais, mas calcula-se que as compras internacionais representem 7% deste mercado, movimentando R$ 2 bilhões em 2012", afirma Mauricio Salvador, sócio-diretor da GS&Virtual.
INFOGRÁFICO: Veja o processo de compra virtual em sites estrangeiros
Descoberta
Salvador atribui a popularização desse tipo de comportamento à simples descoberta do serviço. "De dois anos para cá, além de um crescimento na cultura digital, os consumidores descobriram sites japoneses e chineses com frete gratuito, lojas americanas com produtos exclusivos e uma série de outros serviços. Isso foi fundamental para o crescimento do mercado", explica.
O analista de comércio exterior Ananias Freitas explica que a busca por produtos importados sempre existiu. A diferença é que esses itens se tornaram acessíveis a todos que estão conectados. "Os sites disseminaram esse serviço pelo mundo e a comunidade virtual trouxe segurança para o consumidor. Se uma loja não entrega ou falha no serviço, logo milhares de compradores ficam sabendo", afirma.
De olho no consumidor brasileiro, lojas estrangeiras estão criando versões dos seus sites em português ou oferecendo frete gratuito para o Brasil. A Amazon, gigante do e-commerce mundial, é uma das que se prepara para abrir sua sede brasileira. "Dos 90 milhões de internautas brasileiros, 40 milhões já realizaram compras online. Quem compra em um site brasileiro é potencial consumidor de outros sites. Existe um mercado imenso a se explorar", explica Mauricio Salvador, da GS&Virtual.
Vantagens"Achados" exclusivos e promoções são as principais atrações
O casal Andreza e João Carlos Arias compra on-line com frequência e toda a semana recebe algum pacote. O casal é o exemplo emblemático dos clientes de lojas estrangeiras. Os acessórios de eletrônicos que ele não encontra por aqui, acha nos especializados japoneses. Ela compra a baixos preços maquiagens europeias e americanas. "A síndica já sabe que vai chegar pelo menos um pacotinho semanalmente no nosso apartamento. Sou viciada em maquiagens e, comprando fora do Brasil, consigo produtos até 90% mais baratos", conta Andreza. Ela descobriu o mercado virtual com o marido, que compra acessórios raros de videogames antigos. "São edições limitadas e artigos exclusivos que só encontro no Japão", justifica, vestindo a luva interativa de um videogame dos anos 80.
A estudante Cindy Bordin é outra adepta. Depois de ler sobre compras bem sucedidas em blogs especializados, experimentou a aquisição de um acessório para seu celular em um site chinês. A chegada do produto algumas semanas depois, conforme o combinado, encorajou a estudante a virar uma consumidora fiel. "Passei a comprar de tudo", admite. De bons negócios, ela lembra de uma blusa que achou por R$ 70 na rede e que no Brasil é vendida a R$ 280.
O colecionador de itens esportivos Alexandre Nóbrega só encontra alguns produtos em sites ingleses e americanos. Depois de ter algumas camisetas extraviadas, ele recomenda alguns cuidados básicos. "Para não transformar a compra em dor de cabeça, o ideal é buscar recomendações com amigos, blogs e fóruns da internet". Na dúvida sobre a tributação, ele diz que é melhor sempre considerar os 60% do valor do produto. Essa é a alíquota básica para produtos importados.