Nos os últimos 15 meses, o Brasil viu sua taxa básica de juros cair de 19,75% ao ano, em setembro de 2005, para os atuais 13,25% definidos na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no fim de novembro. Os 6,5 pontos porcentuais levaram com eles para baixo o rendimento de investimentos atrelados à Selic, em especial dos fundos de renda fixa. Um movimento que, aliado à chegada do 13.º salário e outros benefícios de fim de ano pagos aos trabalhadores, está ajudando a melhorar o desempenho da tradicional caderneta de poupança. Após seis anos no vermelho, ela deve encerrar 2006 com captação líquida (diferença entre aplicações e resgates) positiva.
Em agosto, a captação da caderneta estava negativa em R$ 6,4 bilhões. Três meses depois, o resultado ainda era negativo, mas só em R$ 1,3 bilhão, e continua caindo. "Esperamos virar esse resultado até o fim do ano, chegando a uma captação positiva de R$ 3 bilhões", estima o diretor geral da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Osvaldo Correa Fonseca.
Em novembro, com a chegada de metade do salário extra, a captação líquida chegou ao valor recorde de R$ 2,27 bilhões. "Não acredito que as pessoas estejam trocando de aplicação, mas sem dúvida a poupança está mais competitiva agora."
A Caixa Econômica Federal (CEF) tem sozinha 32,6% do total de recursos aplicados na poupança brasileira. A captação do banco entre junho e novembro mais de R$ 2,2 bilhões é considerada excelente. O resultado dos últimos meses ajudou a Caixa a reverter as perdas acumuladas entre janeiro e maio. E a expectativa é que dezembro melhore ainda mais o resultado graças à chegada da segunda parcela do 13.º salário. A estimativa do banco é fechar o ano com R$ 60 bilhões de saldo de depósitos crescimento de mais de 13% sobre o total de 2005.
"A situação é muito especial para a poupança. Há um aumento natural no fim do ano, já que as pessoas, em geral, dispõem de mais dinheiro. Mas agora, ele acontece juntamente com a queda da Selic, o que torna o investimento muito mais atraente", diz o gerente regional da Caixa no Paraná, Álvaro Luiz Martins. "Captar recursos em poupança é nossa prioridade, pois se trata de uma importante fonte de recursos para os nossos programas habitacionais", completa o vice-presidente da Caixa, Fábio Lenza. Neste ano, a Caixa aplicou R$ 2,5 bilhões no crédito imobiliário mais da metade do total oferecido por todas as instituições financeiras do país.
O superintendente adjunto de captação do Banco Santander Banespa, Marcus Matos, também confirma que há um aumento de demanda pela poupança. "O principal fator é a queda da Selic porque o aumento é maior do que o naturalmente esperado para o segundo semestre", diz. "A taxa atual (13,25%), com perspectivas de queda, favorecem cada vez mais esse tipo de investimento." A estimativa do banco é que a taxa básica mantenha a trajetória de queda no próximo ano e chegue a 11,25% ao fim de 2007. "Pelos cenários interno e externo, não há porque ser diferente."
Outras características atraem investidores, diz Matos. "O brasileiro é bastante conservador. Há ainda aqueles que escolhem pela simplicidade de aplicar."
A publicitária Christina Rossi investe na poupança desde que começou a trabalhar, em 2001. Para ela, a segurança é o diferencial decisivo na hora de escolher onde aplicar. "Optei pelo básico e por aquilo que eu sempre ouvi falar. Além disso, a poupança carrega toda aquela história de segurança financeira, o que me deixa mais tranqüila para investir", diz. "Jamais seria o tipo de investidora agressiva. Com o meu dinheiro sou bem conservadora." Ela não descarta, no entanto, a possibilidade de diversificar os investimentos. "Pretendo diversificar a forma de guardar o meu dinheiro. Mas sei que rentabilidade maior também significa mais risco. Por isso ainda não mudei."
Fim do ano legislativo dispara corrida por votação de urgências na Câmara
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Frases da Semana: “Alexandre de Moraes é um grande parceiro”
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast