O comércio eletrônico no Brasil cresce ano após ano e o perfil do consumidor que faz compras pela internet vai passando por mudanças constantes. Pedro Guasti, vice-presidente de Inteligência de Mercado e diretor geral da e-bit, empresa do Grupo BuscaPé que faz pesquisas neste mercado, diz que o público hoje é formado por mais mulheres, por mais indivíduos da classe média e por pessoas com menor grau de escolaridade.
As mulheres, segundo Guasti, respondem por metade das compras e no passado elas eram 40% dos consumidores. Os produtos que elas mais compram são alimentos, perfumes e cosméticos, além de livros. Já os homens preferem os eletrônicos e produtos de informática. "A maior presença feminina no comércio eletrônico também foi impulsionada pelo surgimento dos sites de compras coletivas", afirma Guasti. Ele lembra que eles oferecem muitos produtos que interessam ao público feminino e isso contribui para essa mudança no perfil dos compradores.
Reduto de consumidores com ensino superior até há algum tempo, as lojas que vendem pela internet passaram a atrair também compradores com menor grau de escolaridade. Eles chegaram ao e-commerce, de acordo com Guasti, graças à inclusão digital, ampliação dos serviços de banda larga no Brasil e à classe C emergente. Todos esses fatores que mudaram o perfil do consumidor do comércio eletrônico também foram decisivos para a ampliação do segmento.
Desconfiança
Esta semana, a e-bit divulgou o relatório WebShoppers, em São Paulo, e apontou que a receita do e-commerce cresceu 26% em 2011, chegando a R$ 18,7 bilhões. O número de consumidores passou de 23 milhões em 2010 para 32 milhões no ano passado. Também colabora para essa expansão a menor desconfiança de quem compra. Para que isso acontecesse, aponta Guasti, as empresas investiram em logística e na qualidade do atendimento.
O medo de pagar por um produto e não receber já não é tão presente, diz o diretor da e-bit. Segundo ele, 80% dos consumidores pagam suas compras com cartão de crédito, mas uma modalidade que vem crescendo é o pagamento digital. Para Guasti, essa é uma boa opção para pequenas e médias empresas e mesmo para grandes redes, mas que são conhecidas apenas em algumas regiões do país. Nessa modalidade, o cliente faz o pagamento do bem, mas o valor não é debitado da sua conta nem creditado na conta da loja imediatamente. Isso só acontece em um prazo de 14 dias, depois de o consumidor confirmar se recebeu sua compra e autorizar o pagamento.
Todas essas mudanças no comércio eletrônico devem contribuir para que o segmento siga em expansão nos próximos anos, aposta Guasti. A receita este ano, por exemplo, deve crescer 25%, estima a e-bit. O e-commerce representa 3% do varejo geral no Brasil, enquanto nos Estados Unidos o porcentual é de 8%, compara o diretor.