Mercado de imóveis anda devagar na Mateus Leme
A rua tem só um empreendimento residencial novo em seus quase seis quilômetros. Mas "lucrou" com o aquecimento do setor nos últimos anos: alguns imóveis antigos da via tiveram forte valorização
Ela já foi estrada, região de chácaras e eixo de restaurantes de frutos do mar. Ganhou prédios residenciais nas décadas de 1970 e 1980 e teve seu momento de fama mundial quando o Bosque do Papa foi inaugurado pelo próprio João Paulo II em 1980. Nos últimos anos, porém, a rua Mateus Leme amarga a estagnação. Setores que poderiam alavancar o desenvolvimento econômico da via não se interessam por ela.
SLIDESHOW: Confira imagens da Mateus Leme
O zoneamento é uma das explicações para a ausência de novos empreendimentos. Os quase seis quilômetros entre o Largo da Ordem e o cemitério do Abranches compreendem cinco diferentes regras de uso do solo. Em um grande trecho prevalece a ZR-2, destinada a uso residencial, com baixa densidade e permissão para erguer no máximo dois pavimentos. Algumas quadras permitem até três.
Parte da rua fica no Setor Especial Centro Cívico, que determina atividades administrativas do serviço público. Somente em algumas quadras próximas ao centro permite-se alta densidade habitacional, com altura livre para as edificações. De acordo com o Ippuc, não há planos para mudar o zoneamento da via.
As restrições construtivas e outros problemas pontuais, como a situação irregular de muitos terrenos, afastam o mercado imobiliário. O resultado é uma via ampla e bem localizada em uma metrópole, mas com cara de rua de cidade do interior.
Imóveis antigos
Um passeio a pé permite observar com detalhes a situação de cada quadra da Mateus Leme, do shopping Mueller até o parque São Lourenço. Quase todos os imóveis são antigos. Em muitos trechos a impressão é de que a região parou no tempo, não fossem as pichações nas fachadas e o trânsito intenso de veículos.
Dominado por comércio e serviços de pequeno porte, como lojas de autopeças, estacionamentos, restaurantes em sistema de bufê e oficinas, esse trecho da Mateus Leme tem dois supermercados e uma concessionária de automóveis. Parte da via concentra bares e restaurantes a vocação "noturna" é mais recente e substituiu o perfil de "eixo" de frutos do mar.
Contam-se nos dedos os empreendimentos imobiliários novos: três construções corporativas uma delas é um hospital e um conjunto de edifícios residenciais, das empresas Brookfield e Paysage, próximo ao Parque São Lourenço.
Rio Belém
Outros fatores contribuíram para o cenário atual da Mateus Leme. Pouco investimento dos órgãos públicos, topografia acidentada e proximidade com o rio Belém são apontados por urbanistas.
"Há uma evidente característica física, que é o traçado acompanhando o vale do rio Belém justamente na parte baixa do relevo", comenta Gabriel Gallarza, arquiteto e urbanista que recentemente produziu um estudo sobre o patrimônio histórico da Mateus Leme. Ele lembra que há restrições ambientais na ocupação dos espaços. "São regiões de fundo de vale e também de mata nativa", explica.
As características físicas inibiram também os investimentos públicos. "A rua recebeu poucos estímulos e isso não privilegiou a chegada de novos públicos. O anel viário de Curitiba, por exemplo, não facilita o acesso à região norte", completa Gallarza.
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