A ideia da criação da startup de serviços Faci.ly conta Dzodan, veio de uma pesquisa junto a sua mulher, Ingrid Macedo, que buscava uma nova carreira após ter o segundo filho.| Foto: Reprodução/Facebook

Da varanda do coworking no qual o executivo Diego Dzodan, 48,  começou a trabalhar na segunda-feira (1.º), é possível ver o prédio que ele deixou para trás, o escritório do Facebook no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo.

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Em vez de cinco andares com centenas de profissionais, o executivo que chefiava a companhia na América Latina agora comanda uma equipe de 13 pessoas agrupadas em uma sala de formato triangular, com duas bancadas e uma mesa central. 

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A mudança, garante o executivo, não é resultado de problema algum no emprego anterior, mesmo que o Facebook esteja passando por seus anos mais difíceis, em razão de vazamentos de dados privados e discussões como seu papel na disseminação de notícias falsas.

Segundo Dzodan, uma grande oportunidade o fez abrir mão de um cargo de destaque em uma das maiores empresas do mundo para iniciar algo do zero, uma startup. A partir dela, afirma, o impacto que irá gerar na vida das pessoas pode ser ainda maior do que antes.

Seu negócio, o aplicativo Faci.ly, conecta clientes e prestadores de serviços autônomos que possam atendê-los. Começou pelo segmento de beleza, com serviços como manicure e design de sobrancelhas.

A ideia, diz Dzodan, veio de uma pesquisa junto a sua mulher, Ingrid Macedo, que buscava uma nova carreira após ter o segundo filho. Perceberam que, de um lado, consumidores têm cada vez menos tempo e, de outro, profissionais estão em busca de flexibilidade.

Time de peso

Dzodan montou um time com bastante experiência de startup de serviços. Seus sócios são Luciano Freitas, que já passou pelo AirBnB e Uber; Gustavo Pontes, também ex-Uber; e Victor Zaninoto, que estava na SAP antes da startup.  

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O conceito, porém, não é novo no mercado de beleza brasileiro. Há três anos empresas como Singu, Make You e TapGlam já fazem exatamente isso por aqui.

O Singu foi o primeiro aplicativo a oferecer manicure, maquiagem, massagem, depilação e serviços para cabelo (como escovas e penteados) na casa das clientes. Em 2017, abandonou maquiagem e penteados, e, recentemente, voltou a oferecer escovas.

Dzodan afirma que, mesmo sem ser o primeiro a chegar, o momento do lançamento da empresa é o ideal.

O amadurecimento desse tipo de modelo de negócios está se aproximando de um ponto ótimo. Se você entra nesses mercados muito cedo, tem de fazer um investimento grande para empurrar a solução para o mercado. Se chega tarde, a concorrência deixa difícil ser o líder”, diz.

Preço e fidelização dos clientes ao aplicativo são desafios

Mesmo em expansão, o segmento em que a empresa de Dzodan estreia é repleto de desafios, segundo os empreendedores que já estão nele.

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O valor médio pago por serviços é um deles. João Hannud, fundador e presidente do Make You, afirma que manicure e massagem são mais atrativos por serem requisitados com mais frequência pelas clientes e há mais profissionais disponíveis.

“Naturalmente, as pessoas têm um grau de exigência diferente entre um serviço de unha em casa por R$ 9 reais e uma maquiagem de R$ 270”, afirma Hannud.

O Make You oferece penteados, maquiagem e, recentemente, manicure. O aplicativo traz forte a ideia de serviços que as mulheres buscam ao se preparar para ir a uma festa. Recentemente fechou uma parceria com o cabeleireiro Marcos Proença, um dos mais famosos de São Paulo, que atuará como Diretor Criativo. “Ele vai coordenar os treinamentos, além de fazer a curadoria de conteúdo, produtos e tendências, afirma Hannud.

Para Pamela Doratioto, sócia do aplicativo Tap Glam, o maior desafio a maior dificuldade ainda é convencer as mulheres a trocar o salão pelos aplicativos.

“Além de mostrar à cliente a economia de tempo e dinheiro, outro desafio é mostrar que o serviço que nós entregamos é de extrema qualidade”. Porém, ela conta que a busca pelo aplicativo, nascido em 2017, está crescendo cada vez mais.

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Para Tallis Gomes, que comanda o Singu, o problema maior é garantir a fidelidade de clientes e profissionais (manicures e cabeleireiras) ao aplicativo. Isso porque é relativamente fácil que, depois de se conhecer, eles troquem contato e passem a fechar atendimentos sem o aplicativo.

Ideia de comunidade precisa vingar

Luciano Freitas, do Faci.ly, a ideia de comunidade, como a do Airbnb, será o principal diferencial para que os profissionais não deixem o aplicativo.

Estratégia, que segundo ele, os outros apps de beleza não estão fazendo. “As manicures, por exemplo, são nossas parceiras assim como os motoristas são da Uber e os anfitriões, do Airbnb. A gente constrói uma comunidade e não uma rede, trazendo esses caras para dentro de casa”, diz. 

João Hannud, da Make You, busca manter as profissionais por meio de treinamentos constantes e benefícios. Para fazer parte do time, os cabeleireiros, maquiadores e manicures passam por entrevistas, testes e um treinamento.

A taxa de serviço cobrada dos profissionais pelos apps de beleza fica entre 30% e 40%.

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Gomes diz que, quanto mais o aplicativo for relevante para o profissional, menor a chance de ele fazer negócios fora dele. O executivo não quis detalhar as estratégias adotadas com esse objetivo.

Segundo ele, a chegada de Dzodan ao mercado deve ser positiva para todos. Ele diz que a concorrente tornará o segmento mais conhecido e, com isso, atrair clientes com investimentos em marketing ficará mais barato.

Expansão no radar do Faci.ly

Ao mesmo tempo em que quer ganhar espaço no setor de beleza – com presença em São Paulo, Rio e Belo Horizonte –, o Faci.ly já se prepara para expandir suas operações para outros segmentos. A atuação  em várias frentes, segundo Dzodan, é outro dos ativos da empresa para ganhar relevância para os clientes.

Segundo Freitas, o aplicativo se inspirou no GoJek, da Indonésia, que oferece vários tipos de serviços (como transporte, passeador de cachorros, compra em supermercado de farmácias, massagem, depilação e manicure) em um único aplicativo.

Já nesta semana o serviço começa a permitir compra de comida em restaurantes, entregue por motoboys cadastrados no serviço. Cerca de 30% dos clientes começaram a ver esta opção, informa a empresa.

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Com isso, o aplicativo deve concorrer com outros serviços, os de “entrega de tudo”, como Rappi e Glovo. De origem colombiana e espanhola, respectivamente, os dois levantaram mais de US$ 100 milhões neste ano e têm no Brasil um de seus principais mercados.