Loja fechada, no centro de Roma: comércio sofre com redução de gastos de moradores e turistas| Foto: Vincenzo Pinto/AFP

Números

Queda de 2,5% foi registrada no PIB da Itália no segundo trimestre deste ano. É o terceiro maior recuo na zona do euro, atrás de Grécia (-6,2%) e Portugal (-3,3%).

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Alemanha e França, as duas maiores economias da zona do euro, tiveram um desempenho melhor que o esperado no segundo trimestre deste ano, mas não o suficiente para impedir que o Produto Interno Bruto (PIB) agregado do bloco encolhesse. Para o próximo trimestre, analistas acreditam que a região deverá entrar tecnicamente em recessão.

A economia da zona do euro recuou 0,2% no segundo trimestre, em relação aos primeiros três meses do ano. Em relação ao segundo trimestre do ano passado, o PIB do bloco teve contração de 0,4%.

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A queda no PIB da zona do euro no segundo trimestre se segue ao crescimento zero observado no primeiro trimestre, e deve dificultar os planos dos líderes da região de combater a crise fiscal, que forçou diversos países a pedir ajuda internacional e levantou dúvidas sobre a sobrevivência do euro. O aumento no desemprego e a queda na confiança dos consumidores e empresários pode prejudicar ainda mais as finanças públicas em muitos países, dificultando os esforços para redução dos déficits orçamentários.

O PIB da Alemanha cresceu 0,3% na comparação do segundo trimestre com o período imediatamente anterior, conduzido pelo consumo interno e pelas exportações líquidas do país. O resultado ficou ligeiramente acima das expectativas, que eram de expansão de 0,2%. Em relação ao segundo trimestre do ano passado, a economia alemã cresceu 1%.

Na França, o PIB registrou crescimento zero no segundo trimestre, em relação aos três meses anteriores. É o terceiro trimestre consecutivo de estagnação, mas o resultado superou as estimativas dos analistas, que esperavam queda de 0,1%. Na comparação anual, a economia francesa avançou 0,3%.

Cinco em recessão

Os dados da agência de estatísticas da União Europeia, Eurostat, mostram que cinco países da zona do euro estavam em recessão no segundo trimestre, situação definida pelos especialistas quando ocorrem dois trimestres seguidos de contração da economia. Os países em recessão são: Grécia (queda anual de 6,2% no PIB do segundo trimestre), Espanha (-1,0%), Itália (-2,5%), Chipre (-2,4%) e Portugal (-3,3%). Com exceção da Itália, os outros quatro já receberam algum tipo de ajuda internacional.

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Apesar dos desempenhos melhores que o esperado de França e Alemanha, existem crescentes sinais de que essas economias devem enfrentar dificuldades no restante do ano, o que vai prejudicar as projeções para a zona do euro como um todo.

As previsões ruins para a zona do euro aumentam a pressão para que o Banco Central Europeu (BCE) intervenha para dar suporte à economia do bloco, principalmente ao tentar fazer com que o crédito volte a fluir no sistema financeiro. O presidente da instituição, Mario Draghi, disse no fim do mês passado que vai fazer "o que for preciso" para salvar o euro.

"A zona do euro conseguiu evitar uma recessão ‘técnica’ por muito pouco, graças ao crescimento zero do primeiro trimestre, que foi resultado de dados surpreendentemente fortes da Alemanha", comenta Ken Wattret, economista do BNP Paribas. "Mas, da forma como as coisas estão, isso parece ser um adiamento temporário. Com numerosos indicadores antecedentes assinalando uma continuada contração do PIB no terceiro trimestre, provavelmente não vai demorar muito para que a recessão se torne oficial", acrescenta. Segundo ele, a previsão do banco francês é que a economia da zona do euro encolha 0,4% em 2012.

Para Howard Archer, economista da IHS Global Insight, a contração da economia da zona do euro no segundo trimestre "reforça nossa crença de que o BCE vai cortar sua taxa básica de juros de 0,75% para 0,5% nos próximos meses".