Quem vai viajar nas férias planeja roteiro, compra antecipadamente as passagens, reserva os hotéis... Antecipa com cuidado cada passo da viagem, especialmente se ela for para o exterior. Mas um número grande de turistas deixa o câmbio para o finzinho da lista de prioridades, quando deveria ser uma das primeiras preocupações. Principalmente em períodos de instabilidade econômica como a atual, com dólar em alta e euro desvalorizado.
Nos últimos meses, a economia foi cruel para quem precisa comprar dólares. A moeda americana começou a subir no final de fevereiro, quando custava R$ 1,71, e encerrou esta segunda-feira cotada a R$ 1,98 para a venda R$ 2,12 na cotação turismo, usada pelas casas de câmbio e agências de turismo. Há poucos dias, entretanto, chegou a encostar nos R$ 2,10 (mais de R$ 2,20 na cotação turismo).
A consultora Kerilin Vieira, da agência Viva Clube de Viagens, afirma que os clientes que fazem a compra tardia do câmbio são os mesmos que deixam para adquirir os pacotes a apenas dois meses da data da viagem e que já representam 70% da clientela da agência. "Os valores dos pacotes são lançados com oito meses de antecedência, quando a menor tarifa de um aéreo para Miami, por exemplo, sai por cerca de mil dólares. Um mês antes da viagem o cliente vai pagar mais de US$ 1,5 mil", diz.
Diferente da aquisição dos pacotes de viagens, a compra antecipada de dólar é uma loteria que pode ou não trazer economia para o bolso do cliente. Em um cenário de instabilidade econômica, a recomendação é adiantar a compra da moeda em espécie ou recorrer ao chamado travel money, um cartão de recarga pré-pago que tem taxas de juros mais baixas que os cartões de crédito.
Enquanto a taxação do Imposto Sobre Operações Fiscais (IOF) dos cartões de crédito tradicionais é de 6,38%, a do VTM é fixada em 0,38%. No Visa Travel Money o cliente estará livre das oscilações da moeda, já que vai pagar o preço válido no momento da compra do crédito e não a cotação da data de fechamento da fatura, como nos demais cartões, explica Viviane Amiede Ibrahim, proprietária da AVS Câmbio.
De acordo com Viviane, mais de 60% dos seus clientes já utilizam o Visa Travel Money em suas viagens internacionais e a tendência é de que essa porcentagem suba ainda mais pela praticidade do cartão, que comporta até 15 moedas diferentes. Por opção, a AVS Câmbio trabalha somente com as três principais dólar, euro e libra esterlina e oferece um cartão diferente para cada moeda.
Na Multi Money Corretora de Câmbio, o cliente pode escolher, em um mesmo cartão, até 15 moedas. "Se o cliente gastou 10 mil pesos chilenos e tem cinco dólares no cartão, os gastos serão debitados em dólar com conversão automática das moedas", afirma o operador de mesa da agência Edson Ludio. Neste caso, se a moeda do país estiver mais valorizada que a moeda do cartão, as perdas são maiores, mas, se a moeda do cartão estiver valendo mais que a do país, a operação é vantajosa.
Precaução
"Mesmo com o cartão VTM, nós sempre orientamos o cliente a levar uma quantia de moeda em espécie para emergências ou para fugir de apuros em locais que não aceitam o cartão. Também recomendamos pesquisar a cotação das moedas em diferentes casas de câmbio. Geralmente não há grandes variações, mas os centésimos podem fazer uma boa diferença, dependendo da quantia a ser comprada", diz Kerelin.