Rio de Janeiro O avatar do publicitário Márcio Ehrlich, no Second Life (SL), assistiu a um casamento no mundo virtual há algumas semanas. Entretanto, como o casal era brasileiro e a cerimônia foi realizada em inglês, ele teve de ajudar na tradução dos ritos. Acabou "oficiando extra-oficialmente" o casório e percebeu que havia um mercado para a coisa. Abriu uma capela para casamentos, a Moonlighting Chapel (grafada assim mesmo, devido ao nome do avatar de Ehrlich, Márcio Moo), onde já existem cerimônias agendadas, com tudo incluído: DJ virtual, fotógrafo e orientação para comprar roupas e outras coisas para o casamento.
"A capela fica em Fairchang Vista NW, e já bolei uma promoção oferecendo três casamentos de graça", conta Márcio, que cobra R$ 35, ou 3.500 linden dólares, a moeda do SL, por uma cerimônia (a metade do preço usual por lá). Trinta e seis avatares já se inscreveram na promoção.
Ehrlich é apenas um exemplo de empreendedorismo no meio de uma nova era econômica que chega com impacto: a "wikinomia", ou wikinomics, para ficar no termo original cunhado pelo consultor canadense Don Tapscott, co-autor do livro Wikinomics: como a colaboração em massa pode mudar seu negócio (Nova Fronteira). O livro, best-seller internacional, chegou às livrarias na semana passada, e na quarta-feira Don fez em São Paulo sua primeira conferência fora dos Estados Unidos e Canadá sobre o assunto. Falando por telefone de San Diego, ele contou que escolheu fazer seu keynote aqui porque adora o país já esteve no Rio, em Salvador e em Comandatuba com a família.
Definição
Mas o que é a wikinomia? Trata-se de uma nova forma de fazer negócios e trabalhar em conjunto, colaborativamente. Como na Wikipedia, por exemplo. Ou como na comunidade de programadores do software livre. Segundo Tapscott, estão condenadas à morte as empresas que, hoje, se apegarem demais à propriedade intelectual e não souberem trabalhar com parceiros (peers), não apenas fornecedores. "Estamos caminhando para a maior mudança já vista na natureza corporativa, para uma mudança no modo como as empresas orquestram sua capacidade de inovar e criar serviços", diz ele.
No século 20, prossegue Don, isso era feito em empresas verticalmente integradas, em que todas as atividades estavam dentro das fronteiras da empresa. Com a chegada da internet, criou-se a "business web", em que as companhias se espraiavam e se concentravam no que faziam melhor, enquanto uma rede de parceiros cuidava do resto. "Agora, com a colaboração em massa e a wikinomics, estamos seguindo para o próximo estágio. E nesse estágio as pessoas, os pares (peers) podem se reunir via web e criar valor fora das fronteiras da empresa, de modo que ela precisa se comportar de modo diferente."
Por "de modo diferente" entenda-se a adoção de quatro procedimentos fundamentais. Primeiro, deixar para trás o conhecimento fechado e adotar o aberto. "As empresas sempre quiseram proteger a propriedade intelectual, com restrições, copyright e assim por diante. Mas isso não terminou bem, por exemplo, para a indústria da música. Nem para a Microsoft, que acabou brigando com o Linux e sofrendo por causa disso", afirma.
Compartilhar é preciso
Para Don, as empresas inteligentes percebem que se deve ter uma parte de sua propriedade intelectual reservada, resguardada, e outra que se compartilha com parceiros e clientes, ou simplesmente se abre para todos, de modo que seja de todo mundo e esteja disponível para todo mundo. "Foi o que a IBM fez ao suportar o Linux, passando a ganhar US$ 1 bilhão de dólares por ano e montando uma plataforma sobre a qual criaram um negócio multibilionário", afirma. "Foi o que fizeram as empresas de biotecnologia envolvidas no mapeamento do genoma humano. As companhias precisam encarar a propriedade intelectual de forma diferente nesse novo ecossistema."
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Após críticas, Randolfe retira projeto para barrar avanço da direita no Senado em 2026
Novo decreto de armas de Lula terá poucas mudanças e frustra setor
Câmara vai votar “pacote” de projetos na área da segurança pública; saiba quais são
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast