A Anheuser-Busch InBev elevou nesta segunda-feira (12) para 43,50 libras esterlinas por ação – ou 70 bilhões de libras esterlinas (cerca de US$ 107 bilhões) – sua oferta para adquirir o controle da SABMiller, a poucos dias do prazo final para que apresente uma proposta de aquisição formal pela cervejaria rival. A informação é do jornal Financial Times.
A SABMiller, porém, já indicou que vê como preço justo por suas ações algo perto de 45 libras esterlinas por papel, de acordo com fontes ouvidas pela agência de notícias Bloomberg.
Esta é a quarta proposta que a AB Inbev faz para tentar assumir o controle acionário da SABMiller. A oferta ocorre faltando dois dias para o fim do prazo dado pelo regulador britânico para que apresente uma proposta formal de compra da rival.
A nova oferta deve colocar ainda mais pressão sobre o conselho de administração da SABMiller, pois os acionistas exigem que a empresa comece a negociar com a rival. Na semana passada, o conselho rejeitou proposta de 42,15 libras esterlinas por ação.
A SABMiller detém marcas como Peroni e Grolsh. Já a AB InBev é dona de marcas como Budweiser e Stella Artois e tem os brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira entre os seus principais acionistas.
A despeito de ser a maior fabricante mundial de cerveja por faturamento e volume, a AB InBev tem presença praticamente nula na África e enfrenta desaceleração em seus dois principais mercados, a América do Norte e o Brasil.
Adquirir a SABMiller, fundada 120 anos atrás com o nome South African Breweries, pode ajudar a expandir o alcance da AB InBev. Além disso, a aquisição criaria uma empresa responsável por uma em cada três garrafas de cerveja produzidas no planeta.
Mas os atrativos de um acordo são muito menos evidentes para Jan du Plessis, presidente do conselho da SABMiller, e sua rejeição ao acordo tem dois ingredientes principais: o preço e a estrutura da proposta.
As duas primeiras ofertas – de 38 e 40 libras esterlinas por ação – estavam na ponta mais baixa da faixa de 39 a 45 libras esterlinas que os analistas afirmam a companhia poderia pagar.
A proposta anterior, de 42,15 libras esterlinas por ação em dinheiro, incluía uma alternativa de pagamento em ações que reduz o preço médio a cerca de 40 libras esterlinas por papel.
Isso fica “um tanto abaixo do que consideraríamos como uma proposta vencedora”, afirma James Edwardes Jones, analista do banco RBC Capital Markets.
Plessis também precisa balancear as posições divergentes dos dois maiores acionistas da SABMiller, bem como cuidar dos interesses dos acionistas menores.
A AB InBev parece ter estruturado a transação tendo primordialmente em mente os interesses dos dois grandes acionistas da rival. Tanto o grupo de tabaco norte-americano Altria quanto a Bevco, a companhia que administra os investimentos da família colombiana Santo Domingo, teriam de pagar impostos potencialmente salgados por ganhos de capital se optassem por uma transação em dinheiro. Aceitar ações de uma companhia ampliada permitiria que evitassem esses impostos.
A porção da transação que a AB InBev oferece em ações equivale a 41% dos papéis da SABMiller – ou seja, quase a mesma fatia que os dois grandes acionistas detêm na cervejaria (42%).
A Altria, que tem 27% da SABMiller, declarou que estava pronta a aceitar a oferta. A Bevco, com 14%, rejeitou. Para Plessis, há outra dificuldade. No momento, a oferta em dinheiro tem valor superior à oferta em ações.
Mas, se o conselho aceitar o acordo e as ações da AB InBev subsequentemente subirem, a opção de pagamento em ações passaria a ser o melhor negócio. Nesse caso, a aparência seria a de que o conselho da SABMiller recomendou uma transação mais favorável à Altria e Bevco que aos acionistas menores.