O presidente da Abiec, Roberto Giannetti, fez críticas à atuação das ONGs e do Ministério Público| Foto: Jose Cruz/ABr

Custo em alta

CNA estuda processar o Greenpeace

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estuda entrar com uma ação judicial contra o Greenpeace em função de colocações da ONG a respeito do modo de produção de carne brasileira. A afirmação foi feita, sem mais detalhes, pelo presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás, José Manoel Caixeta, durante audiência pública no Senado.

De acordo com Caixeta, se for inviabilizada a produção em áreas consideradas como desmatadas, os custos de produção tendem a aumentar e o preço da carne deve subir, prejudicando os consumidores. O representante da CNA na audiência pública garantiu que os pecuaristas não querem agir na ilegalidade, mas afirmou que ações como a do Ministério Público em estados produtores e ações constantes de ONGs preocupam o setor, que já vem sofrendo em função da situação de crise.

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São Paulo e Brasília - O presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Roberto Giannetti da Fonseca, afirmou que a associação assinará um termo de conduta com o governo, comprometendo-se a não comprar carne de bois criados em áreas desmatadas e a preservar o meio ambiente. Ele deu a informação ao chegar ao Senado, onde participou de audiência pública para discutir a situação dos frigoríficos.

A atitude da Abiec faz parte de uma corrente que vem crescendo. Grandes redes de supermercados, como Pão de Açúcar e Wal-Mart, também já haviam assumido compromisso semelhante.

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Apesar de manifestar preocupação com o desmatamento, Gianetti fez duras críticas à ONG Greenpeace e ao Ministério Público Federal (MPF), que há duas semanas determinou que frigoríficos suspendessem a compra de carne de propriedades do estado do Pará acusadas de desmatamento ilegal. "As informações em sites fazem parecer que eles (MPF) e as ONGs são heróis, enquanto empresas são vilãs", considerou.

Ele explicou que, de 24 a 27 de maio, o Ibama e o Ministério Público vistoriaram frigoríficos no Pará e entregaram 14 autos de infração às empresas. "Com base nestes autos, sem dar às empresas o direito de defesa, o MP obteve a lista de clientes do Frigorífico Bertin e deu a eles 10 dias de prazo para dizer se comprariam carne desses fornecedores ou não. Temos aqui inconstitucionalidade, pois os fornecedores não tinham sido condenados."

Pacto

No lançamento do "Pacto pela Sustentabilidade", ontem, em São Paulo, o Wal-Mart Brasil reiterou a suspensão de compras de carne oriundas do Pará. A decisão vale para todas as bandeiras de suas 348 lojas do país – Big, Mercadorama, Bom Preço, Nacional, Maxxi e Todo Dia.

Pelo "Pacto pela Sustentabilidade", o Wal-Mart e uma série de fornecedores se comprometem a adotar uma agenda ecologicamente e socialmente responsável. O "Pacto da Pecuária", por exemplo, prevê não participar do financiamento, produção, uso, distribuição, comercialização e consumo de produtos pecuários que tenham qualquer ilegalidade em sua cadeia.

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"O Wal-Mart está tomando as rédeas de uma nova campanha ecopositiva", disse o presidente da empresa no Brasil, Héctor Núñes. "É besteira achar que estamos fazendo filantropia. Na verdade, estamos fazendo negócio para gerar resultado e prestar contas aos nossos acionistas."

Entre as empresas que assinaram o documento ontem estavam os frigoríficos Marfrig, JBS Friboi e Bertin, além de companhias como Ambev, Pepsico, Coca-Cola, 3M do Brasil, Bunge, Johnson & Johnson, Procter & Gamble, Unilever, Nestlé, Colgate Palmolive, Kimberly-Clark, entre outras.

O jornalista viajou a São Paulo a convite do Wal-Mart Brasil.

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Interatividade

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A procedência da carne vendida no supermercado influencia as suas decisões de compra?

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