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Varejo

Abilio Diniz tenta levantar R$ 2 bi com venda de lojas que aluga para o GPA

O empresário Abilio Diniz, ex-dono do Grupo Pão de Açúcar, decidiu colocar à venda as suas 60 lojas que hoje estão alugadas para o GPA, controlado pelo grupo francês Casino. Esses ativos estão avaliados em quase R$ 2 bilhões.

Esse conjunto de lojas, localizadas em pontos nobres da cidade de São Paulo, já teria sido oferecido para a BR Properties, que tem como sócio o banco BTG, para a divisão de gestão de prédios comerciais da gigante canadense Brookfield, para os fundos de pensão Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB) e Previ (do Banco do Brasil) e Cyrela Comercial Properties (CPP).

Segundo fontes, o empresário poderá usar os recursos obtidos com a venda desses ativos para aumentar sua participação na rede Carrefour, arquirrival do GPA no país.

Em dezembro, Abilio Diniz anunciou a compra de 10% do Carrefour Brasil, por R$ 1,8 bilhão. Na ocasião, ele afirmou que pretendia elevar essa fatia para 12%, no curto prazo, e atingir 16% em até cinco anos.

Com a aquisição, o empresário obteve o direito de indicar dois nomes no conselho do Carrefour - Antonio Ramatis e Sylvia Leão. Os executivos trabalharam no GPA sob a gestão de Abilio, que preside desde 2013 o conselho de administração da companhia de alimentos BRF.

Negociações

Fontes confirmaram à reportagem que a Península, gestora de investimentos de recursos da família Diniz, começou a procurar essas empresas nas últimas semanas oferecendo o conjunto de lojas.

"Recebemos uma sondagem, mas não levamos o negócio adiante", afirmou uma fonte de uma das empresas consultadas. Procurada, a Península nega que as lojas estejam à venda. BR Properties, Brookfield e CPPIB não comentam o assunto. Previ nega que esteja olhando esses ativos e a CPP não retornou os pedidos de entrevista.

De acordo com o gestor de um fundo de investimento especializado em ativos imobiliários, o potencial comprador poderá dar a liquidez necessária para que Abilio Diniz possa investir mais no Carrefour.

"Se conseguir vender esses ativos, o futuro comprador terá de mantê-los alugados para o GPA. Esses são ativos de baixo risco, que não interessam ao nosso portfólio", disse.

Direito de preferência

Por contrato, o GPA tem o direito de preferência para comprar essas lojas. Se Abilio Diniz receber uma oferta firme e irrevogável de um comprador por esses ativos, terá de oferecê-los primeiro para o controlador do GPA, o Casino, que decidirá se exerce ou não seu direito de preferência. Procurado, o GPA não comenta o assunto.

Abilio Diniz adquiriu esse conjunto de lojas do GPA em maio de 2005, quando fazia parte do grupo. À época, o empresário e o Casino divulgaram um fato relevante ao mercado informando que a Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), dona da rede varejista, tinha transferido para Abilio Diniz 60 imóveis, com o objetivo de reduzir o endividamento da companhia.

A transação foi de R$ 1,029 bilhão. Essas lojas, àquela época, representavam 30,5% das vendas realizadas pela rede. No contrato, o empresário se comprometeu a alugar os imóveis por 40 anos (20 anos, renováveis por mais 20).

No mês passado, a família Diniz simplificou a estrutura societária que envolve os veículos de investimentos desses imóveis. À época, a Península esclareceu que esse processo de reestruturação visava consolidar as empresas que formam o grupo e otimizar sua estrutura societária, sem a alteração nas participações societárias finais dos membros da família e nos contratos de locação em vigor.

O processo também não altera a titularidade dos ativos imobiliários, que continuam sendo de propriedade do Fundo de Investimento Imobiliário Península.

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