O presidente da Associação Brasileira dos Produtores do Algodão (Abrapa), Haroldo Cunha, classificou nesta sexta-feira (28) como "desanimadora" a ausência de propostas formais por parte dos Estados Unidos em reduzir os subsídios norte-americanos aos produtores de algodão. Segundo ele, já houve duas reuniões entre Brasil e EUA para resolver o problema, mas nenhuma conduziu à elaboração de um documento formal em que o governo norte-americano se compromete a suspender subsídios ilegais aos produtores.
Na próxima semana, ocorre o terceiro encontro entre as partes para a resolução do problema. "Entendemos que o prazo está se esgotando e eles não têm nenhuma proposta concreta", afirmou. Por também considerar ilegais os subsídios, a Organização Mundial do Comércio (OMC) permitiu que o Brasil promovesse sanções comerciais contra os americanos.
Cunha lembrou que foi estabelecido um prazo, que começou em abril termina em 21 de junho deste ano, em que o estabelecimento de sanções seria interrompido para que as duas partes pudessem voltar à mesa de negociações. "Se não houver nada formal, assinado, até o final deste prazo, vamos retomar as retaliações" afirmou Cunha. A OMC permitiu ao Brasil retaliações da ordem de US$ 827 milhões com impostos sobre a importação de produtos e em remessa de royalties de patentes e marcas.
Exportações
O cenário para o comércio exterior de algodão brasileiro não começou bem o ano de 2010. De acordo com Cunha, as exportações do produto caíram em torno de 30% no primeiro quadrimestre deste ano, ante igual período no ano passado, totalizando em torno de 110 mil toneladas. O executivo explicou ainda que a queda na exportação reflete um "baque" na produção, causado pelo agricultor, que preferiu produzir soja à algodão no ano passado, devido ao preço mais atrativo da soja.
No entanto Cunha espera que o mercado, em termos de produtividade, volte a se recuperar gradativamente neste ano. Por conta do bom preço e da demanda aquecida nos mercados brasileiro e internacional, a produção brasileira de algodão deve atingir 1,250 milhão de toneladas este ano, volume 6,8% acima do registrado em 2009 (1,170 milhão de toneladas), mas ainda 21,8% abaixo do produzido em 2008 (1,6 milhão de toneladas). Cerca de 30% do total da produção brasileira é exportada.